Os doces de jaracatiá voltaram

TRADIÇÃO DO INTERIOR

Os doces de jaracatiá voltaram

Além da erva-mate, um outro alimento estará em voga na 9ª Femate, que iniciou na quinta e segue até domingo em Arvorezinha. É o jaracatiá, árvore frutífera que cresce espontaneamente entre a vegetação nativa da região alta do Vale. O…

Os doces de jaracatiá voltaram

Além da erva-mate, um outro alimento estará em voga na 9ª Femate, que iniciou na quinta e segue até domingo em Arvorezinha. É o jaracatiá, árvore frutífera que cresce espontaneamente entre a vegetação nativa da região alta do Vale. O fruto é conhecido como mamãozinho-do-mato.

Segundo o secretário de Agricultura da cidade, Angelo Viega, a ideia é resgatar uma tradição que era muito forte nas festas do interior de antigamente. O doce feito com o caule ou com a raiz da planta dividia espaço com o sagu e a ambrosia nas celebrações das comunidades. “Era de baixo custo para se fazer. Um dos objetivos é resgatar essa história e o processo de produção.”

Ele lembra ainda que nesta sexta, dia 7, às 14h, a bióloga e professora da Univates, Elisete Maria de Freitas, fará uma palestra sobre os benefícios medicinais do jaracatiá, sobre os quais pesquisa. Ela também será uma das juradas no concurso de melhor doce de jaracatiá, que ocorre na sequência. Segundo Viega, pelo menos seis mulheres vão disputar o título.

Além disso, diariamente o público poderá participar de oficinas sobre a produção do doce. Quem vai comandar essa parte da atração é a doceira Carmen Pompermaier Gehlen, 70. Ela explica que o jaracatiá é uma árvore de tronco mole, que nasce do sul da Bahia até o RS.

A doceira Carmen Pompermaier Gehlen, 70, ao lado de uma plantação de mamão-do-mato, o jaracatiá

A doceira Carmen Pompermaier Gehlen, 70, ao lado de uma plantação de mamão-do-mato, o jaracatiá

O caule é ralado em fios longos e depois é cozido em uma calda. Pode ser consumido sozinho ou usado como base de recheios e coberturas. “Como faz parte da nossa cultura, queremos resgatar com um pouco de arte e história para ser o doce de Arvorezinha.”

Segundo ela, na cidade quase toda casa tem um pé de mamãozinho-do-mato no quintal. É uma árvore que mede cerca de três metros de altura, com tronco liso. Já em regiões como SP, a variedade mais conhecida tem o tronco espinhoso, sendo a fruta aproveitada para doces.

Muitas gente, inclusive, quando tem que podar a planta, doa os galhos para Carmen, para a produção da iguaria. O que, somado ao seu cultivo pessoal, garante matéria-prima para o ano inteiro. “Dizem as doceiras antigas que a melhor época para usar o caule é quando a árvore está com folhas.”

A fruta, diz ela, quando bem madura, é muito saborosa para o consumo in natura, e atrai muitos passarinhos. Mas é preciso ter cuidado com os frutos verdes, pois soltam um leite cálcico.

Carmen comenta que o prato é trabalhoso porque, após o caule ser ralado, é preciso deixar de molho e ir renovando a água seguidamente durante três dias. “Há muitos anos, quando os rios não eram tão poluídos, principalmente na região da Campanha, as pessoas ralavam, amarravam dentro de um saco e colocavam na água corrente do rio.”

Depois, os fios são escorridos e cozidos em uma mistura de açúcar e especiarias, como cravo e canela. A textura, após o cozimento, é semelhante à do coco ralado.

Acompanhe
nossas
redes sociais