No mês de conscientização sobre os linfomas, o Centro Regional de Oncologia (CRON) reuniu pacientes em tratamento e ex-pacientes para compartilhar histórias. Ocorrido no Salão de Festas do Centro Clínico de Estrela, o II Encontro de Linfomas foi momento de reflexão e motivação aos que ainda tratam a doença.
Médica hematologista do CRON, Juliana Kratochvil apresentou a ex-paciente e palestrante da noite, Sônia Mara do Nascimento. “Essa ocasião é muito especial porque é uma injeção de ânimo e oportunidade para troca de energias”, destacou a profissional.
Durante a palestra, Sônia contou a própria história para incentivar o público e fez dinâmicas para instigar o pensamento positivo. “Na melhor fase da minha vida, um grande desafio: o diagnóstico de um linfoma não-hodgkin”, revelou. Ela tratou o linfoma e, em seguida, passou pelo transplante de medula óssea. Mesmo em momentos conturbados e difíceis, explica sempre ter considerado um desafio para evoluir e manter a autoestima. “Eu estava com a pele amarelada, sem cabelos, mas passava maquiagem, batom e seguia em frente”, motivou.
Sônia também frisou a importância do autoconhecimento. Conforme ela, entender os próprios sentimentos, provocar o bem-estar e aproveitar o tempo com pessoas importantes transforma o período de tratamento numa fase mais leve. “Faça valer a pena cada batimento dos seus corações”, aconselhou.
Para a também médica hematologista do CRON, Viviani Fernandes, o evento promove a divulgação da doença, considerada rara. Dessa forma, o diagnóstico pode ser feito de forma precoce. “Também é fazer os pacientes se sentirem ‘incluídos’ num grupo, mostrar que não são os únicos e que podem sim superar a doença. Outro fator é tentar envolver a família, parte fundamental em todo o processo de tratamento”, avalia.
Exemplo de superação
Entre o público emocionado, estava o casal Luísa e Vicente Volken. Os dois frequentaram o CRON para tratamento de câncer. Em 2012, com casamento agendado, ele descobriu um linfoma. No dia seguinte à celebração do matrimônio, fez a última sessão de quimioterapia e curou a doença.
Quatro anos depois, decidiram ter filhos. Durante a gestação, ela descobriu um câncer de mama. “Foi horrível. Nos perguntávamos: ‘Por que conosco de novo?’. Não era justo”, relembra. Embora impactados, no dia após o diagnóstico, o bebê começou a se mexer no ventre da mãe. “Isso nos deu forças para continuar”, salienta ela. Ao longo da gravidez, Luísa fez quimioterapia e mastectomia.
Mesmo em meio aos tratamentos, Luísa relata a importância de manter o alto astral. “Levamos a vida com muito bom humor naqueles momentos porque passar por isso já era pesado demais”, conta. Como reflexo das situações, o casal se uniu e aprendeu a aproveitar mais o tempo juntos.

Mesmo após o tratamento, o casal Luísa e Vicente Volken frequenta os encontros para apoiar quem ainda enfrenta a doença
Segundo Vicente, as experiências proporcionaram vivenciar os dois lados: adoecer e estar ao lado de alguém com câncer. “É mais fácil lidar quando tu mesmo está doente do que ver a pessoa que ama com a doença”, ressalta.
Mesmo curado, o casal comparece aos encontros para compartilhar as histórias e oferecer apoio a quem ainda trata a doença. Além disso, Luísa e Vicente salientam o carinho pelo CRON. “O profissionais do Centro se tornaram praticamente pessoas da família. Quando eu voltei grávida, as meninas me viram na porta e não acreditaram, começaram a chorar”, lembra ela.
O que são linfomas?
De acordo com a hematologista Juliana, linfomas são cânceres dos linfonodos, as ínguas. Elas são conglomerados de células de defesa, e a proliferação desordenada dessas células pode afetar órgãos e a imunidade. Dessa forma, se desencadeiam os linfomas. “A doença não tem uma causa específica. No entanto, infecções virais e radioatividade podem acelerar o processo de desenvolvimento dos linfomas”, alerta.
Considerados câncer do sangue, existem dois tipos de divisões: linfomas hodgkin e não-hodgkin; linfomas agressivos e indolentes. A base do tratamento é medicamentosa, por meio de quimioterapia e, em alguns casos, radioterapia.
Em relação à prevenção, a hematologista Viviani ressalta: é a mesma de qualquer doença. Se alimentar de forma saudável – com poucas gorduras e alimentos industrializados –, praticar atividade física regular, boa qualidade de sono, não fumar, não beber e canalizar o estresse diário para alguma atividade prazerosa. “Isso não significa que a pessoa não irá desenvolver a doença, mas ficará bem mais fácil para tratar”, observa.
Nathália Lauxen: nathalia@jornalahora.inf.br