Moradores clamam por sossego

Lajeado - Bairro Universitário

Moradores clamam por sossego

A aglomeração de pessoas no entorno de uma boate na avenida Senador Alberto Pasqualini, no bairro Universitário, já motivou abaixo-assinado e manifestação de vereadores no Legislativo. Moradores se queixam do barulho e destacam que os transtornos vão além da folia. Há relatos até de ameaças e depredação de bens particulares. Recentemente, o governo instalou placas proibindo a poluição sonora e estacionamento de veículos, mas, segundo a comunidade, os problemas continuam

Moradores clamam por sossego
Lajeado

A movimentação noturna em volta de uma boate (antigo Café Virtual e hoje One Club) na avenida Senador Alberto Pasqualini, bairro Universitário, se tornou um transtorno para moradores das proximidades. Eles reclamam do alvoroço nas madrugadas e até questionam a instalação de um estabelecimento para festas em uma área antes restrita a residências.

Também são unânimes ao afirmar que “ninguém dorme” nas noites de sextas-feiras e sábados, quando geralmente ocorrem os eventos. Segundo a comunidade, a movimentação de festeiros inicia por volta de 21h e se estende até as 4h com barulho de carros, som alto e gritaria.

“O problema não é o que acontece dentro da boate, mas no entorno dela. As pessoas se aglomeram por ali, bebem na entrada das casas. Não temos mais sossego”, ressalta uma das pessoas que reside próximo ao local.

Com medo de represálias, a população prefere o anonimato e destaca que o problema ultrapassa a folia noturna. Há relatos de danificação de patrimônio público e até ameaças. “Se olhamos para fora ou falamos alguma coisa, eles respondem. Alguns com agressividade”, comenta outra moradora.

Intimidados, os moradores já fizeram um abaixo-assinado e se reuniram com o Executivo. Com frequência, também chamam a Brigada Militar (BM) . Placas proibindo o estacionamento e a poluição sonora de madrugada foram instaladas próximo ao local. Mas os problemas persistem.

Na sessão do Legislativo, o assunto foi abordado pelo vereador Carlos Ranzi. Ele destacou que o tema pode ser levado ao Ministério Público (MP) caso não haja uma solução.

Abaixo-assinado

O presidente da Associação de Moradores do Bairro Universitário, Altamir Rosa, participou de reuniões com o Executivo e compactua com a reivindicação da comunidade. “Quando foi instalado o espaço para eventos, imaginamos festas menores. Ninguém sabia que chegaria a esse ponto”, comenta.

Rosa ressalta a complexidade de interferir no funcionamento de um estabelecimento comercial, entretanto, ele cobra ações para garantir o sossego dos moradores. “Temos que ver o que pode ser feito dentro da lei. Como associação, vamos trabalhar para garantir a tranquilidade das pessoas”, aponta.

Em abril, a entidade protocolou um abaixo-assinado solicitando providências quanto à baderna e pedindo a proibição de estacionamento durante a noite e madrugada em uma área próxima à boate. O documento foi assinado por cerca de cem pessoas.

Desrespeito: imagens feitas por moradores próximos à boate mostram resultados das noitadas

Desrespeito: imagens feitas por moradores próximos à boate mostram resultados das noitadas

O que diz a Secretaria de Segurança Pública

O secretário Paulo Locatelli relata as reuniões com a associação de moradores. “Como poder público, reunimos as partes interessadas em busca de uma solução”, ressalta.

Como resultado prático, Locatelli cita a proibição de estacionamento nas proximidades da boate e a instalação de placas advertindo quanto à poluição sonora. Além disso, operações são coordenadas com o apoio da BM.

Conforme ele, a inexistência da guarda municipal impede ações mais punitivas por parte do órgão público. “Os agentes de trânsito atuam só até a meia-noite de sexta-feira e não têm poder de polícia para uma abordagem nesses casos”, cita.

O que diz a Brigada Militar

O tenente-coronel Luís Marcelo Gonçalves Maya enumera as ações feitas pela BM nos arredores da boate. Ele percebe que essas fiscalizações amenizam a baderna, mas não solucionam por completo o problema. “Depois da abordagem, o pessoal retorna”, resume.

Segundo Maya, em casos de perturbação de sossego, é necessário que o denunciante se identifique para a BM agir com mais efetividade. “Os moradores acabam não se identificando e isso restringe a possibilidade de fazermos operações maiores”, comenta.

Obs: a reportagem do A Hora também tentou contato telefônico com o responsável pela One Club na quarta-feira, mas não obteve sucesso.

rodape-mapa-cidade1

Fábio Kuhn: fabiokuhn@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais