A região não conseguiu superar a falta de qualidade no Ensino Médio na rede pública, conforme dados do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) anunciados nessa segunda-feira.
Da meta de 5,1 pontos estimada pelo Ideb, o RS atingiu média de 3,7 pontos nas escolas públicas e privadas, em uma escala que vai de zero a 10. No Ensino Médio, a média foi de 3,8 no estado, enquanto na região a pontuação foi de 4,08.
Desde 2005, o estado mantém a nota no mesmo patamar, abaixo da expectativa do Ministério da Educação, variando a pontuação entre 3,6 a 3,9.
Embora o índice de 2017 tenha sido um décimo superior ao da edição anterior, em 2015, quando o Ideb foi de 3,6, o resultado do ano passado mostrar-se inferior em outras ocasiões, como em 2009 e 2013, quando alcançou-se 3,9.
Destaques
No Vale, a Escola Estadual de Ensino Médio Pedro Rosa, em Tabaí, obteve a melhor pontuação, atingindo 4,9, dois décimos abaixo da estimativa do Ideb.
De acordo com diretora Mária de Fátima Pereira, 50, o resultado que se aproxima do esperado pelo Ministério da Educação mostra o comprometimento da escola com os alunos, somado à interação com a comunidade escolar.
“Desenvolvemos diversos projetos de leitura e seminários para ressaltar a importância da leitura e do estudo em nossos alunos”, destaca a diretora.
Piores notas
Coube às escolas estaduais Jacob Arnt, em Bom Retiro do Sul, e a Barão de Antonina, em Taquari, a pior pontuação do Ideb na região. Ambas obtiveram apenas 3,2 – o que corresponde a cinco décimos da média do estado e quase 2 pontos abaixo do estimado pelo MEC.
“Para ter um bom trabalho, precisamos estar integrados com a família. Deixamos algo a desejar e faremos uma avaliação sobre o que temos que melhorar”, diz a vice-diretora da Jacob Arnt, Rosângela Pereira.

Alunos do terceiro ano do Ceat cumprem jornada semanal de 35 horas. Diretor salienta importância da leitura
Rede privada
O Colégio Evangélico Alberto Torres (Ceat) atingiu nota de 7,2 em Lajeado, e de 6,4 em Roca Sales. Além de obter a melhor pontuação da região, o Ceat está entre as melhores escolas do RS, segundo o Ideb. Para o diretor Rodrigo Ulrich, os indicadores pedagógicos mostram-se como o carro-chefe para o bom desempenho escolar.
Ideb
O Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) é o principal indicador da qualidade da educação básica no Brasil. A cada dois anos, em uma escala que vai de zero a 10, calcula o desempenho das escolas públicas e privadas do país nos ensinos Fundamental e Médio, a partir questões aplicadas aos alunos em provas de Língua Portuguesa e Matemática e da taxa de aprovação. A meta para o Brasil é alcançar a média 6 até 2021. As escolas da rede privada participam por adesão, e não é calculado o Ideb delas, apenas a média de toda a rede.
Os resultados do Ideb 2017 para escola, município, unidade da federação, região e país são calculados a partir do desempenho obtido pelos alunos que participaram do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017 e das taxas de aprovação, calculadas com base nas informações prestadas ao Censo Escolar 2017. Só têm as notas divulgadas as escolas com pelo menos dez alunos matriculados nas etapas avaliadas – 5º e 9º anos do Ensino Fundamental e 3º ano do Ensino Médio – e em que o número de alunos participantes do Saeb 2017 tenha alcançado 80% dos alunos matriculados.
Entrevista
“A leitura promove discernimento e interpretação”
A Hora – Quais são os pilares do Ceat que resultaram nesta boa pontuação no Ideb?
Rodrigo Urich – É o primeiro ano que participamos do Ideb. Nosso ensino parte de um tripé, onde em primeiro lugar o aluno concebe o papel e o compromisso com o estudar. Este valor tem papel fundamental em sua trajetória e nosso aluno está dentro desta cultura. Nos outros dois pilares, estão a família que é presente em nossa escola e investe na educação e os profissionais do colégio – profissionais capacitados e comprometidos em desempenhar a tarefa de formar nossos estudantes.
O que você aponta como elemento primordial para a educação dos alunos?
Urich – No Ceat, nossos alunos do 3o ano cumprem carga horária de 35 horas semanais, o que seriam 10 horas além do mínimo de 25 horas em outras escolas. Nesse contexto, desde as primeiras séries,, incentivamos o aluno a ter a capacidade de auto-avaliação. Por meio disso, fazemos simulados de provas para medir o conhecimento e, partir dos resultados, nossos professores buscam identificar como priorizar o ensino nas disciplinas. Mas acredito que nosso incentivo no gosto pela leitura, desde cedo, promove maior discernimento e interpretação em nossos alunos.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br | Colaboração: Ezequiel Neitzke