A precariedade das estradas gaúchas impacta além dos prejuízos financeiros. Representa perigo para condutores e passageiros. Passou a ser recorrente. A cada diagnóstico sobre a qualidade das rodovias, a comprovação do que se vê todos os dias. Pela Confederação Nacional dos Transportes, a malha do RS é a segunda pior do Brasil.
Ontem, a reportagem percorreu pouco mais de dez quilômetros, ida e volta entre Lajeado e Estrela. O trecho da BR-386 foi concedido para o Estado faz pouco mais de um ano. Ao todo, foram contados 229 buracos. Algumas “panelas”, com mais de seis centímetros de profundidade e quase um metro de largura.
A chuva dos últimos cinco dias não é a única explicação para essa condição. Trata-se mesmo de omissão, de ausência do poder público e de incapacidade do Daer em manter as estradas. Todos esses fatores juntos e mais. Também há um grande erro histórico da nação em adotar o modal rodoviário como principal e quase exclusivo modelo logístico.
Muito se fala em aproveitar melhor esses modais, mas pouco se faz. Diante desse quadro de baixa objetividade, urge a necessidade de se estabelecer uma agenda de prioridade de investimentos, na qual esteja definido o que de fato é imprescindível. Tornar a logística mais racional interfere tanto na segurança dos usuários das estradas quanto na otimização dos gastos com transporte.
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Devido à falta de planejamento, verifica-se que a infraestrutura viária está despreparada para a crescente quantidade de veículos. No Vale do Taquari, são mais de 220 mil veículos. Isso representa mais de 4% da frota estadual. Nas maiores cidades, chega-se à média de quase um carro por habitante.
Frente à popularização dos automóveis, as estradas não seguiram essa expansão. As obras para melhoria das vias se resumem a operações tapa-buracos e, raramente, é feito o recapeamento. A gestão pública mostra incompetência para devolver os serviços pelos quais cobra, e muito, da população.
Com a incapacidade de garantir a qualidade das vias, resta a instalação de pedágios. O socorro depende do dinheiro do contribuinte. O condutor paga três vezes. No licenciamento, na tarifa de pedágio e na incidência dos impostos sobre os combustíveis. Ainda assim, não há garantia de que se tenha segurança, conforto e qualidade nas rodovias.
Editorial
No caminho dos buracos
A precariedade das estradas gaúchas impacta além dos prejuízos financeiros. Representa perigo para condutores e passageiros. Passou a ser recorrente. A cada diagnóstico sobre a qualidade das rodovias, a comprovação do que se vê todos os dias. Pela Confederação Nacional…