A administração municipal lançou ontem o projeto Adote Fácil. A iniciativa possibilita que interessados assumam a guarda de cães abandonados por meio do preenchimento de um termo de responsabilidade. O programa tem apoio da Associação de Proteção aos Animais Arroio-Meenses (Apaam).
Com uma estrutura montada para 32 cachorros, o único canil da cidade abriga hoje 80. Antes, o processo de adoção exigia a vistoria de agentes da vigilância sanitária para averiguar as condições do futuro lar dos animais. Conforme o Executivo, esse procedimento reduzia o interesse de possíveis adotantes. Desde o início do ano, apenas seis foram assumidos.
O lançamento reuniu representantes de movimentos em defesa dos direitos animais, grupos estudantis, entidades religiosas, agentes de saúde, voluntários do canil e demais interessados. A iniciativa foi apresentada pelo prefeito Klaus Schnack e a coordenadora do Departamento de Meio Ambiente, Rose Grassi.
O prefeito frisou que o objetivo da iniciativa é que os cães sem donos tenham um lar e sejam bem cuidados. “Vamos dar um voto de confiança para as pessoas que querem se colocar à disposição de acolher os animais”, afirmou. Segundo ele, todos estão castrados e vacinados.

Projetado para abrigar 32 cães, único canil na cidade tem 80 animais
“Contamos com a boa índole das pessoas interessadas em apenas buscar um amigo. Existe toda uma legislação que impõe regras e pune, se for o caso, as pessoas que cometerem maus-tratos”, destacou. Conforme o chefe do Executivo, um monitoramento constante será feito para garantir que os bichos adotados sejam bem tratados.
A campanha Adote Fácil integra o programa Nossa Cidade, Meu Lar, que articula diversas ações de cunho ambiental. A adoção ocorrerá todas as quartas-feiras, de forma permanente, na sede da Apaam. Nos dias 14 e 15, uma feira de adoção será promovida durante a manhã e tarde.
Preocupações
Ativista na área dos direitos animais, a psicóloga Ana Rubicondo participou do encontrou e fez diversos questionamentos sobre o novo sistema de adoção. A principal preocupação remete à forma como o cão será tratado pelos futuros donos.
“Trata-se de uma responsabilidade social que a gente precisa ter”, afirma Ana. Segundo ela, é preciso ter garantias de que os adotantes proporcionem as condições e os cuidados adequados.
O canil já começou superlotado, em 2012, quando cerca de 70 animais foram transferidos de um local improvisado no bairro Bela Vista. Com o tempo, novas baias foram construídas. Para manter o funcionamento, a estrutura precisa da ajuda de voluntários e de um veterinário cedido pelo governo.
A servidora Laísa Hennemann é uma das quatro pessoas responsáveis pelos 80 cães e compartilha a preocupação sobre o destino dos abrigados. Ela lembra de inúmeras ocasiões em que as pessoas adotaram “por impulso” e depois devolveram ao canil. Em outros casos, levaram os animais a lugares impróprios e os mantiveram em condições de maus-tratos. “Esse é o nosso medo”, comenta.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br