São 16 encontros ou 2 anos. O que vier primeiro. Isso que define categoricamente um amante.
Negócio de trocar o nome da Daiane por Danilo no WhatsApp ou de Luiz para Lúcia são só tentações fugazes. Desejos carnívoros que se acentuam com vinho ou Fruki Guaraná. Um amante é muito mais do que isso.
Amantes não usam o telefone. São profissionais. Selvagens. Comunicam-se pelo instinto mamífero que lhes une.
São pessoas que vão para qualquer lugar onde haja camas – hotéis, motéis, sofá-cama de caminhão e apartamentos alugados para estes fins (acredite, há muitos imóveis destinados exclusivamente aos anseios extra-libidinosos da classe média). Os mais ousados mantêm 18 encontros nos fundos da loja de móveis ou no quarto desocupado do hospital.
Costumam arrancar as roupas um do outro usando só os dentes. Atiram-se na cama, rolam de um lado para outro. Massageiam-se com chantily.
Degustam-se corporalmente entre gritos e arranhões
Separam-se com os corpos suados e vão para a rua usando lenços, carros alugados e chapéus bregas.
Ou seja, algo completamente corriqueiro e superficial.
Namorar vai muito além disso.
Não basta só a selvageria que une os amantes. É necessário raciocínio lógico e perseverança.
Namoro não se faz apenas de degustação corporal. É preciso degustar a alma.
É passar uma quarta-feira noturna de mão dada num sofá esquentando a coxa um no outro e chamando de “amorzinho”.
É preciso comer ambrosia feita pela sogra e repetir a dose só para vê-la faceira e ainda, quando for embora, dizer “Boa semana. Fica com Deus”, por mais filho do capeta que você seja. Só para ela dizer que você é uma “bênção” para a filha.
Consiste no prazer de você deslizar o braço pelo corpo da namorada enquanto conversa sobre carros e futebol com o pai dela durante um churrasco de família, sem que ele perceba.
Se for um daqueles sutiãs de renda, melhor ainda. Você sentir nos dedos os desenhos formados pelo corpo e a renda.
Isso que é intimidade.
No Vale do Taquari deveria haver o Dia dos Amantes. Falo no plural porque tem gente que tem mais de um ou uma.
A publicidade teria que se reinventar.
“Tudo para o seu segundo lar”. Ou ainda: “Sabe aquele anel de rubi que sua esposa sempre quis… Dê para sua amante”. No setor de perfumaria, não raro surgiria “Para não confundir com seu marido, dê perfume Ímpeto a ele”.
Só haveria de ter certas precauções. Sua ausência no Dia dos Amantes em casa pode ser fatal.
Deve-se ligar para casa e tentar falar com o amor.
Aí o filho atende e diz que a mãe não está.
A suspeita passa, porque o sacana é você.
Vem na memória a lembrança da esposa na vitrine da Tabacaria olhando charutos durante o passeio de domingo no shopping com a família.
Querida. Não merecia um traste de marido destes.
Certamente um presente para você.
Embora você nunca tenha fumado na vida.
Lajeado: Poucos cavalos no carro, mas dois cachorros gigantes no porta-malas.

(SEM LEGENDA)
No Twitter
@henrytado: Ser traído dói, mas vocês já foram chamados de tio por um adolescente?
Só para contrariar

(SEM LEGENDA)