A alta gastronomia este ano não dispensou o aconchego de pratos e ambientes que propiciassem memórias afetivas a todos os participantes. Os espaços foram cuidadosamente projetados a partir da parceria de dois profissionais de destaque no estado, o porto-alegrense Alexandre Grivicich e a lajeadense Isabel Macedo, da Bel Arquitetura.
Isabel já projetou dois ambientes para o Chef’s Table na CasaCor, sendo o primeiro em 2016 e o segundo neste ano. “Nos candidatamos a criar o espaço da gastronomia e recebemos um convite da Embaixada Gourmet para projetarmos o local de finalização dos chefs e janta para 30 pessoas”, conta.
Os requisitos exigidos pela curadoria de gastronomia eram muitos. Entre eles, uma única mesa de jantar que acomodasse todas as pessoas e permitisse que elas conversassem entre si e, ao mesmo tempo, que o próprio chef as servisse e explicasse os oito pratos e dois complementos degustados ao longo das noites da mostra.
Boas lembranças
Os materiais escolhidos para o projeto instigaram os convidados a reviver boas memórias relacionadas à cozinha em casa. “Teve um dos visitantes que se alegrou ao encostar em uma mesa de cozinha e sentir o gelado do inox pintado. Lembrou da casa da avó e dos momentos marcantes naquele espaço”, comemora.
O Chef’s Table 2018 utilizou questionamentos para fazer uma provocação. “Quem faz sua comida?”. “Com a ideia de que comida é energia passada de mão em mão, o evento gastronômico reúne chefs de todo o Brasil e do exterior voltando às origens afetivas do alimento”, explica Isabel.
A cada semana, um novo cardápio surpresa utiliza produtos que têm história. O chef residente da edição 2018 é Lucas Cinti, e Lucas Corazza assina como pâtissier. Na próxima semana, de 6 a 8 de setembro, o espaço recebe Jeremiah Bullfrog, um dos cozinheiros mais inovadores do sul da Flórida. “O Chef’s Table ocorre de quintas a sábado até 15 de setembro, junto à CasaCor de Porto Alegre”, diz Isabel.
Inspiração italiana
A inspiração do projeto partiu de uma rica história sobre o chef italiano Massimo Bottura, que criou uma receita de cunho social replicada por milhares de pessoas para aproveitar toneladas de queijo parmesão que se perderiam após um terremoto em seu país em 2012. “Nos tocamos muito com os relatos, já que, além de salvar a produção inteira de uma fábrica que tinha tudo para falir após a tragédia, a receita salvou os empregos dos funcionários e contribuiu com a economia local”, explica Isabel.
A famosa receita, que trabalhou um prato com seis texturas de queijo, foi homenageada no projeto dos arquitetos simbolizada na cor branca. “Pensamos em também utilizar seis texturas de branco, mexendo com os outros sentidos dos visitantes e não somente com o paladar”, contou Émerson Garcia, designer de interiores da equipe de Isabel.
Os sentimentos, já que a história em si toca muito o coração das pessoas, foram expressados tanto nos pratos quanto no espaço onde eram servidos. “Usamos jogos de luz, brincamos com a expectativa das pessoas e revelamos gostosas surpresas em uma experiência única e inesquecível”, complementa Isabel.
Galeria de fotos
Apostando nos tons de branco, verde vibrante das paredes e materiais sustentáveis, os arquitetos sutilmente proporcionaram aos visitantes que aguçassem seus sentidos, estimulando o senso de comunidade. “A grande mesa que acomoda as 30 pessoas permite que elas compartilhem melhor o momento. Em uma das jantas, por exemplo, sentei ao lado do prefeito de Porto Alegre e tive a grata experiência de conhecer e também trocar vivências com outros profissionais”, relembra a arquiteta.
