O Teatro Univates recebeu nessa sexta-feira o 13º Seminário Sincovat. Palestrantes de renome internacional afirmam que a educação é o caminho para melhorar a sociedade, desde o desenvolvimento do país até a saúde da população.
O Sincovat também homenageou profissionais e instituições que contribuem para o desenvolvimento da classe contábil e da sociedade. Receberam distinções a Univates e o contador José Cláudio Buzatta.
O primeiro palestrante, o naturologista Tiago Rocha abordou a educação alimentar e os danos à saúde causados pela má-alimentação. Segundo ele, a comida é um perigo silencioso, pois mata as pessoas sorrateiramente, não sem antes debilitar a qualidade de vida.
Conforme o palestrante, o óleo de cozinha mata mais do que qualquer droga do mundo. Depois de aquecido, explica, gera substâncias cancerígenas e prejudiciais ao coração.
“O alimento que mais dá câncer no mundo é a batata frita”, alerta. Conforme o palestrante, a gordura hidrogenada é um dos principais fatores de risco para a população. Lembra que até 1925 não haviam registros de infartos no mundo, apesar do consumo de gordura animal ser constante.
Rocha elencou três produtos que mais causam infarto. São eles, a pipoca de micro-ondas, o requeijão e a margarina. Ressalta ainda, que as micro-ondas do aparelho usado para aquecer os alimentos também aumenta os índices de câncer.
Outros dois elementos extremamente prejudiciais à saúde e que estão presentes em excesso na alimentação de praticamente toda a população são o sal de cozinha e o açúcar refinado. Rocha deu exemplos da quantidade de ambos nos produtos industrializados e ultraprocessados.
Por fim, alertou sobre os risco dos adoçantes dietéticos Aspartame e Sucralose. “Estamos comendo os piores alimentos do mundo mascarados de saudáveis”, alega. Conforme o palestrante, mesmo que possa ser um veneno, a comida também tem a capacidade de ser um remédio quando utilizamos os alimentos certos.
“No Japão tem pessoas vivendo muito bem até os 100 anos, com qualidade de vida”, aponta. Segundo ele, a banana é o melhor alimento do mundo e pode ser usada para combater desde a intolerância a lactose até a depressão.
Conforme Rocha, a maçã é um grande aliado do coração, e comer uma unidade por dia previne o infarto. “O vinagre de maçã é a melhor substância para reduzir a gordura do fígado”, diz. O suco de uva natural é outro dos alimentos mais saudáveis do mundo, por possuir substâncias que previnem o câncer.
Saúde mental
A palestra do neurocientista Pedro Calabrez também abordou a relevância da educação para uma vida saudável, não apenas no aspecto físico. Ele alerta que a saúde da mente está diretamente relacionada com a saúde do corpo e ressalta a importância do exercício físico e da boa alimentação para o bom desempenho do cérebro.
“A ideia do filósofo obeso, tabagista, alcoolista, é recente. Na Grécia antiga eles já enxergavam o corpo e a mente como coisas extremamente interligadas”, afirma. Além da má alimentação e do sedentarismo, a falta de um sono adequado também contribui para as doenças da psique.
Lembra que dormir por meio do uso de remédios é um dos hábitos mais prejudiciais da atualidade. “As pessoas estão tomando Rivotril como se fosse bala. O contínuo de benzodiazepina está ligado à demência precoce.”
Ressalta ainda o prejuízo causado pelos níveis elevados de stress da vida contemporânea, devido as percepções sociais de sucesso.
Diante de um vazio existencial cada vez maior, aponta, as pessoas buscam cada vez mais fugas em atividades que geram conforto e prazer, ou em manuais que nos dizem como viver a nossa vida. “Tudo é rápido e superficial. A saúde se torna uma superficialidade demonstrada a partir de um corpo sarado por meio de esteroides e filtros de Instagram.”
Para o palestrante, é preciso perceber outros elementos que são mais importantes para o bem-estar e a saúde do seres humanos. O principal deles, aponta, é a confiança nas outras pessoas justamente por ser um sentimento que fortalece as relações.
Segundo ele, confiança está associada à riqueza, e a falta dela gera pobreza, pois a desconfiança gera um custo para a economia e impõe a burocracia nas relações pessoais e econômicas. “Muitos dos nossos problemas são da desconfiança, porque ela é o berço do egoísmo.”
Evitar a negatividade e a projeção e educar as crianças para ter gratidão também ajudam a desenvolver um cérebro mais saudável. Além disso, ressalta a relevância de ter um propósito na vida que vá além das necessidades próprias, ter capacidade de mudar de mentalidade e estabelecer metas para serem conquistadas também contribuem.
Desafios atuais
Sociólogo, mestre em educação e representante da Unesco, o Suíço Renato Opetti afirma que a educação é chave em qualquer setor da vida e que diante das mudanças do mundo. Para ele, o desafio dos educadores será formar crianças e adolescente para um futuro que ainda não sabemos como será.
“Por isso a necessidade de combinar ética e educação com as ferramentas que serão necessárias no futuro”, acredita. Diante desse cenário, defende que seja repensada a educação e seus sistemas, com a introdução de valores como o humanismo e as oportunidades no centro dos processos de ensino e aprendizagem.
Para Opetti, o desafio não é apenas em se adaptar a esse novo mundo, mas em entender como formar crianças e adolescente para trabalhar em profissões que ainda não existem. “Quais ferramentas vamos dar a essas crianças para enfrentar o mundo?”
Conforme o palestrante, é fundamental pensar em mudanças disruptivas, pois nossas formas tradicionais de pensar e agir não servem mais para problemas atuais. Segundo ele, a mudança não está na tecnologia em si, mas nas nossas cabeças, e a tecnologia é uma ferramenta.
“A resposta está na capacidade das políticas e da sociedade em direcionar essa tecnologia em fazer mudanças mais justas”, ressalta. Um elemento fundamental na avaliação do palestrante é a conjunção do bem-estar individual e coletivo, de forma a nos formar seres humanos na nossa especificidade e também nas pessoas do nosso entorno.
Pedagogia humanista
A palestra de encerramento foi com a psicóloga, escritora e doutora em sociologia, Margherita Carotenuto. A italiana falou sobre o papel da pedagogia na construção da sociedade.
Acredita que antes de decidir em como educar, é preciso saber realmente o que é o homem e como a natureza projeta a humanidade. Afirma que sabemos muito sobre diversas espécies, mas muito pouco sobre nós mesmos.
“Existe uma natureza humana e é possível conhecê-la para além das ideologias, religiões e diferenças que parecem intransponíveis?”, questiona. Falou sobre a formação da culturas ocidentais, dividida em quatro momentos, das civilizações grega e romana, o helenismo e o humanismo.
“Desde que existe o homem, existe educação. E cada sociedade tende a reproduzir a si mesma, ignorando o projeto que existe na natureza”, ressalta. Conforme Margheritta, a sociedade tende a se conservar por meio da educação, e por isso está baseada na reprodução de valores.
Ela afirma que reproduzir implica em não se abrir para novidades e não considerar as diversidades presentes na sociedade. Independentemente de cultura, raça ou valores, diz, é preciso compreender o projeto da natureza para o ser humano. A partir disso, criar um projeto de pedagogia possível e voltada para o humanismo.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br