O maestro e regente Paulo Roberto Haas, 47, tem a música como a essência de sua vida. É responsável por sete corais e duas orquestras em quatro cidades do Vale. Com quase 30 anos dedicados à arte, já compartilhou os conhecimentos musicais com centenas de pessoas.
• Como você descreve o poder da música?
A música é uma linguagem poderosíssima. Ela envolve todos os sentimentos do ser humano. É uma forma de se comunicar. Muitos dizem que é algo divino. Eu não sei de onde vem, por exemplo, a inspiração para os grandes compositores. Acho que vem da alma. É algo difícil de descrever.
• Com você se sente ao transmitir os conhecimentos as outras pessoas?
Tem momentos complicados, porque é preciso optar, muitas vezes, por situações em que a família fica de lado, para que se possa abraçar a causa de corpo e alma. Mas a recompensa é que, quando se faz um bom trabalho, percebe-se que o público se envolve em torno de algo que é muito legal, muito sadio. As pessoas que a gente forma são quase como filhos. Dói quando alguns saem dos projetos. Mas sempre ficam aqueles que realmente incorporam a música.
• Como despertar o interesse dos jovens pela música de qualidade?
É difícil estimular uma cultura sadia, enquanto a mídia expõe um entulho que não é fácil de ser vencido. É incutida no jovem aquela vontade de ser um astro, um artista popstar. Muitos acabam desistindo em meio aos projetos. Por isso, é necessário conseguir cativá-los de outras formas, inventar atrativos, fazer coisas que não fujam da linguagem deles. Pode ser na movimentação no palco, na interação com o público, na escolha do arranjo. Não podemos ficar só no tradicional, no clássico. Esse é o principal desafio.
• Como a música influencia na formação do caráter?
Num trabalho em grupo, por exemplo, se a pessoa não pensar coletivamente, ela não vai conseguir fazer parte do entorno. Ou ela muda, ou ela se isola. Para a música funcionar, tem que haver harmonia. Para a sociedade funcionar, também. Se as pessoas entendessem esse conceito, o mundo seria diferente. A música ajuda na formação da personalidade, para que se tenha um caráter mais voltado ao coletivo do que ao individual.
• Que benefícios ela gera ao ser humano?
Quando as pessoas têm problemas, muitas apelam para o álcool, cigarro, drogas, etc. A música é capaz de dar esse retorno sem precisar investir em coisas ruins. Ela proporciona essa interação da pessoa consigo mesma. Para conseguir tocar uma música, é preciso ensaiar, se concentrar. Dessa forma, ela te isola de pensamentos ruins. A música é uma forma de fuga saudável.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br
