O ano em que os caminhoneiros pararam o país

Especial - Colono & Motorista

O ano em que os caminhoneiros pararam o país

Sindicato e profissionais percebem avanços após greve, mas destacam necessidade de mais mudanças

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O ano em que os caminhoneiros pararam o país
FOTO: Arquivo A Hora
Vale do Taquari

A importância dos caminhoneiros foi reafirmada durante a greve dos profissionais. Por um período de dez dias, entre 21 e 30 de maio, os caminhões ficaram parados. Houve desabastecimento nos municípios e paralisação de empresas.

Com 58% da produção transportada pelo modal rodoviário (índices do Banco Mundial), os motoristas de caminhão são imprescindíveis para o escoamento das mercadorias e funcionamento da logística brasileira. Apesar dessa importância, continuam sentindo-se desvalorizados.

“Neste dia 25 de julho, os caminhoneiros têm que comemorar por serem verdadeiros heróis transportando o PIB do Brasil”, defende Afrânio Rogério Kieling, presidente do Sindicato das Empresas de Transporte de Carga e Logística no Estado do Rio Grande do Sul (Setcergs).

Para Kieling, os maiores reflexos da greve serão sentidos com o tabelamento do frete. “Quase tudo tem preço mínimo, o salário, o preço do café, da soja. Porque o frete não poderia ter preço mínimo também? Acreditamos que com isso a atividade ficará mais saudável financeiramente em tempos de instabilidade”, argumenta.

A Medida Provisória (MP) 832/18, que prevê valores mínimos para o frete de cargas foi aprovada pelo Senado no dia 11 e aguarda a sanção presidencial. “Acreditamos que o (Michel) Temer irá aprovar essa medida até hoje e para o futuro será feito um estudo de tabelamento do frete que seja bom ao transportador e às empresas produtoras”, pontua Kieling.

Além dessa mudança no frete, o presidente do Setcergs destaca a importância de manter uma estabilidade no preço do diesel. “Com a política de preços da Petrobras antes da greve, o caminhoneiro saía de viagem com um gasto no diesel e quando voltava já era outro por causa do aumento diário. Não é possível trabalhar dessa forma”, ressalta.

O representante da categoria também cobra das autoridades gaúchas melhores estradas. Ressalta os riscos que os caminhoneiros enfrentam em trechos esburacados e mal sinalizados, além de perceber que o custo do frete aumenta. “O custo médio da logística em São Paulo é de 14 a 16% do PIB, enquanto no RS é de 24 a 26%, isso porque temos estradas muito piores que as paulistas”, exemplifica.

Frete defasado

Tiago Berté, 34, de Lajeado, trabalha desde os 19 anos com caminhão. Argumenta que está mais difícil ser caminhoneiro devido à defasagem no preço do frete. “A greve ajudou, mas ainda estamos esperando o tabelamento do frete”, cobra.
Berté herdou a paixão pela atividade do pai e diz que é necessário gostar de caminhões para se manter na profissão.

tiago berté

 

Baixar todos os combustíveis

Diomar Bueno, 43, trabalha com caminhão faz 12 anos. Chegou a fazer viagens que duraram até 40 dias. Hoje percorre trechos menores no estado. “Tem pessoas que criticam os caminhoneiros, mas sem eles o Brasil para”, ressalta.
Define como positivos os resultados da greve, mas acredita que a redução no preço do diesel também deveria se estender à gasolina.

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Fábio Alex Kuhn: fabiokuhn@jornalahora.inf.br

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