“Primeiro eu, segundo eu e terceiro eu”

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“Primeiro eu, segundo eu e terceiro eu”

Faz mais de sete anos, Augusto Ely, 34, de Estrela, decidiu, por conta própria, dar um novo rumo à vida. Abandonou o vício do álcool e das drogas. Na foto, ostenta com orgulho o seu antes e depois da internação.…

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“Primeiro eu, segundo eu e terceiro eu”

Faz mais de sete anos, Augusto Ely, 34, de Estrela, decidiu, por conta própria, dar um novo rumo à vida. Abandonou o vício do álcool e das drogas. Na foto, ostenta com orgulho o seu antes e depois da internação.
• Quando foi que você percebeu que não tinha mais controle sobre o vício?
Eu tinha já virado três noites bebendo e usando drogas. Cheguei em casa e minha esposa estava arrumando as coisas para ir embora. Deitei no sofá. O viciado sempre sabe que está errado. Mas ela foi muito generosa comigo. Pediu que eu me olhasse no espelho. Quando fiz isso, vi um sujeito todo “desbeiçado”, “descabelado” e “caolho”. Eu tava um caco. Este papo de que “eu paro quando eu quiser não existe”. Ninguém que está bebendo ou usando droga tem controle sobre isso. A menos que pare por um determinado tempo, aí sim, pode afirmar isso. Só com a cabeça sã. Hoje posso afirmar que não tenho mais vício e nem acredito mais nele. Tive todos e larguei todos. É tudo psicológico.
• E como decidiu se internar? Quanto tempo ficou na Central?
Foi neste mesmo dia. Estava indo para o trabalho, na época em Lajeado, e na ponte do Rio Taquari a ideia de me internar veio na cabeça. Então, comecei a procurar pela Central (Centro Regional de Tratamento e Recuperação de Alcoolismo). Enquanto tentava achar o prédio, ideias na cabeça vinham à tona. Pensava, tomara que não demore muito para chegar lá, senão, já vou desistir. Mas me mantive firme. Assim que botei os pés no Central, me pediram o que eu queria. Prontamente respondi, “quero me internar”. Aí chamaram minha família. Esperei duas horas por eles em frente ao prédio. Quando meu pai chegou, um médico falou que metade do meu tratamento estava feito – afinal, eu fui por conta própria e fiquei um bom tempo esperando sem ir embora. Foram 39 dias no total – 28 dias de internação e 11 dias de desintoxicação. E sempre digo: a Central foi o melhor lugar que já entrei na minha vida.
• Você ainda tem vontade de beber? O que te faz permanecer sóbrio?
Vontade sempre vou ter. Mas a distância do copo é o comprimento do meu braço. Essa é a distância da minha sobriedade. Por mais que eu ame minha família e meu filho, o que mais me motiva a não beber é o fato de eu não querer mais aquele estilo de vida para mim. Parei porque eu quis – adotei a seguinte regra: primeiro eu, segundo eu e terceiro eu. Só assim poderei ajudar os outros.

Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br

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