Em meio ao pomar de 400 nogueiras da propriedade da Família Pitol, na localidade de Linha Carlos Barbosa, o município celebrou ontem, durante a Festleite, a primeira colheita oficial de noz-pecã no país. O evento reuniu representantes estaduais, nacionais e internacionais em torno da discussão do manejo e da cultura da planta no Rio Grande do Sul.
Segundo maior produtor do Estado, Anta Gorda colhe os resultados do cultivo de noz-pecã iniciado faz 70 anos. Hoje, o município conta com 280 produtores, 480 hectares de área plantada e 170 toneladas de frutos colhidos por safra. Com geografia e clima favorável, a primeira colheita oficial no Brasil abre portas para a agricultura familiar no Estado.
“A noz-pecã precisa de invernos rigorosos”, diz Derli Bonine, assistente técnico da Emater Lajeado. De acordo com ele, no país apenas 30% do consumo é feito no mercado interno. Os outros 70% são importados.
“Isso nos dá uma oportunidade de avanço e desenvolvimento muito grande”, esclarece Bonine.
Simpósio Sul-Americano
Entre quarta-feira e ontem, o município recebeu o 1º Simpósio Sul-Americano da Cultura da Noz-Pecã e o 5º Seminário da Cultura da Noz-Pecã. Agricultores, técnicos, pesquisadores e estudantes participaram de palestras e painéis que debateram perspectivas comerciais da noz-pecã.
“Diferente de outras regiões do Estado, o Vale se destaca na pecanicultura na agricultura familiar”, destaca Bonine. Segundo ele, a região tem as condições necessárias para a produção e a riqueza do cultivo. “Com certeza, agricultores que investem em diversidade, vão colher bons resultados no futuro com a aposta na noz-pecã. Se produz aqui, se vende aqui e ainda há oportunidade de exportação”, comenta.
O simpósio contou com comitivas de mais de 60 municípios do Estado, Santa Catarina e Paraná, de outros estados, como Rio de Janeiro e São Paulo, e de países vizinhos, como Argentina e Uruguai. Entre os especialistas internacionais que debateram o cenário da Noz-Pecã, estiveram os engenheiros agrônomos do INTA Castelar da Argentina, Enrique Frusso, da INIA Las Brujas do Uruguai, Roberto José Zoppolo.
Família Pitol e o Governo RS
Pioneira no cultivo de noz-pecã na região, a família Pitol colhe alguns dos resultados do programa Pró-Pecã e da Câmara Setorial da Noz-Pecã, implementando faz um ano pelo governo do Estado.
“Foi um divisor de água para nós, porque até então trilhávamos o caminho do cultivo e produção sozinhos”, esclarece Leandro Pitol, diretor-comercial da empresa familiar.
O principal objetivo do programa Pró-Pecã é de aumentar a área cultivada e a produção de frutos de noz-pecã, gerando empregos e renda no meio rural. Já a Câmara Setorial da Noz-Pecã, funciona como um fórum de debates para a integração do setor de pecanicultura.
“Buscar soluções exige que façamos esforços juntos”, comenta o secretário de Agricultura do Estado Odacir Klein, em celebração a primeira colheita de noz-pecã no país.
Segundo Pitol, ainda faltam produtores e indústria para processar a noz-pecã. “É um mercado em ascensão”, diz.
A partir da plantação de um pomar, em 4 anos a noz-pecã já está pronta para colheita. “Ela vai produzindo gradativamente. Chega na fase adulta aos 15 anos, mas no oitavo ela já tem o retorno esperado pelo produtor”, garante Pitol.
A árvore de noz-pecã custa em torno de R$ 40 e o quilo é vendido em média a R$ 14.
“Anta Gorda está em festa. À Família Pitol nossa gratidão. Esse evento vai ficar na história do município, da família e do Estado”, comemora o prefeito Celso Casagrande.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br | Fernando Weiss: fernandoweiss@jornalahora.inf.br