A biotecnologia como forma de desenvolver a cultura da erva-mate é tema de pesquisa dom Programa de Pós-Graduação em Sistemas Ambientais Sustentáveis (PPGSAS) e no PPG em Biotecnologia (PPGBiotec) da Univates.
Devido à relevância econômica da erva-mate para a região alta do Vale do Taquari, além de estar relacionada a um símbolo da cultura gaúcha, o chimarrão, a pesquisa foi uma das selecionadas pelo Programa de Apoio aos Polos Tecnológicos, da Secretaria do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia (Sdect).
O órgão repassou R$ 699.066,05 ao Parque Científico e Tecnológico do Vale do Taquari (Tecnovates), com contrapartida da Univates de R$ 176.639,68. Os recursos serão utilizados na compra de equipamentos.
De acordo com a coordenadora da pesquisa, Elisete Freitas, a primeira parte do estudo consiste em melhorar a germinação das sementes de erva-mate, uma vez que menos de 20% das sementes germinam pelo método de estratificação utilizado pelos produtores de mudas.
Nesse método, após a limpeza dos frutos, as sementes são colocadas em sacos de areia que ficam enterrados por um período médio de seis meses para que então elas sejam semeadas. “Percebemos que, dessa forma, não ocorre uma germinação uniforme, pois algumas sementes podem levar até três anos para se germinar.”
Estudos preliminares com outros métodos de estratificação das sementes mostraram que é possível alcançar cerca de 40% de germinação e obter mudas de maior qualidade e mais uniformes. “Por isso, a pesquisa busca identificar quais fatores estão influenciando nos resultados, para que seja desenvolvido um protocolo de estratificação das sementes capaz de promover maior germinação e mudas com maior uniformidade e qualidade em menor período de tempo.”
A pesquisa é realizada em parceria com pesquisadores da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (Ufrgs), Universidade do Estado de Santa Catarina (Udesc), campus de Lages, Universidade Estadual do Oeste do Paraná (Unioeste), campus Cascavel.
Potencial alopático
A partir de 2019 será verificado o potencial alelopático dos frutos, ou seja, a capacidade que eles têm em inibir o crescimento e a germinação de outras plantas. A intenção é o desenvolvimento futuro de herbicidas naturais.
De acordo com Elisete, a motivação para este estudo é a subutilização da erva-mate. “Geralmente utilizam-se as folhas para a produção da erva-mate, mas existe um potencial também para o aproveitamento dos frutos.”
A pesquisadora acrescenta que há pesquisas da década de 1980 que indicam a função alelopática do extrato da erva-mate e desde então não há registro de nenhum estudo que complemente os dados obtidos na época.
Saiba mais
A erva-mate (Ilex paraguariensis A. St.-Hil.) é uma espécie nativa da Floresta Ombrófila Mista, com ampla distribuição e de grande importância socioeconômica e ambiental, em nível nacional, estadual e regional.
Dentre as dez cidades com maior produção no Rio Grande do Sul, quatro estão situadas no Vale do Taquari e respondem por 47% de toda a produção de erva-mate do Estado, sendo Ilópolis e Arvorezinha os dois maiores produtores, respondendo por 41% da produção estadual.