O presidente da câmara, Ederson Spohr (MDB), não confirma a votação do projeto na sessão de hoje, às 17h. A matéria prevê aumento no repasse mensal de valores do Executivo para o Hospital Bruno Born (HBB), dos atuais R$ 440,6 mil para R$ 512 mil/mês. Parlamentares estão receosos com a possibilidade do fechamento da sala de espera e do acesso geral ao público no Setor de Emergência do SUS.
A intenção da diretoria do HBB é só atender casos de urgência e emergência naquele setor, mediante encaminhamento da UPA ou Samu. Situações mais graves, de traumas, paradas cardiorrespiratórias e outros quadros com risco à vida, por exemplo, também serão atendidos naquela ala do hospital, mas por meio de um acesso pela porta lateral.
De acordo com Spohr (MDB), que ontem à tarde visitou o HBB na companhia dos parlamentares Paulo Tóri (PPL), Neca Dalmoro (PDT), Ildo Salvi (REDE), Mozart Lopes (PP) e do secretário de Saúde (Sesa), Tovar Musskopf, o texto referente ao aumento de repasse ao hospital não deve ser votado hoje.
“A minha opinião é não colocar em votação o projeto neste momento. As coisas não estão bem claras. Pedimos para que o hospital mantivesse aberta a porta de acesso geral ao público, bem como a sala de espera. Se querem só atender casos de emergência, deviam mudar isso aos poucos”, diz.
Conforme Spohr, a direção do HBB não quer mais “tratar dor de garganta” no setor destinado a atendimentos de urgência e emergência. “Não se trata de fechar aquela ala do hospital. Não é isso que o hospital quer. O que eles querem é apenas atender casos mais graves, deixando esses de menor gravidade para a UPA ou postos de saúde”, reforça o vereador.
Entretanto, afirma o presidente, as duas reuniões realizadas com a direção do HBB – houve um primeiro encontro na terça-feira passada, após um homem atear fogo na recepção daquele setor – foram insuficientes para tranquilizar os vereadores. Segundo Spohr, durante a reunião de ontem, os diretores do hospital apresentaram novos planos para a sala de espera incendiada no início do mês.
“Eles nos falaram que a intenção é reformar todo local. Estão pensando em instalar dois leitos naquela sala, para atendimentos de urgência e emergência”, informa o presidente da câmara. A direção do HBB não confirma a informação.
Nota oficial do HBB
A diretoria do HBB avisa que a “Emergência reabriu menos de 24 horas após o atentado e continuará aberta 24 horas por dia, todos os dias do ano, atendendo todos os pacientes referenciados pela UPA, Samu ou outros hospitais para quem o HBB seja referência.”
Cita, ainda, que “pacientes provenientes de suas residências, empresas, indústrias ou da via pública que chegarem até a Emergência do HBB sem encaminhamento referenciado pela UPA, Samu ou outros hospitais para quem o HBB seja referência, serão acolhidos, triados e receberão atendimento no local se ficar caracterizado o atendimento como de urgência ou emergência (classificação de risco vermelha ou amarela, observando critérios técnicos estabelecidos pelo Ministério da Saúde).”
Detalhes do projeto
Se aprovado, o valor repassado por mês pelo Executivo passa de R$ 440 mil para R$ 521 mil. O reajuste, conforme mensagem justificativa da matéria, foi aprovado pelo Conselho Municipal de Saúde no dia 8 de março e prevê a inclusão de novos procedimentos.
O valor repassado à entidade serve para o atendimento do Setor de Emergência, 24h por dia, nas especialidades de traumatologia, psiquiatria, anestesiologia, pediatria, ginecologia, obstetrícia, cirurgia geral, radiologia (não intervencionista), clínica médica e demais serviços elencados no projeto de lei. Para atender o reajuste, o PL sugere aporte de R$ 50 mil mensais da câmara.
Classificação de risco: vermelha
O atendimento deve ser imediato. São doentes com situações clínicas de maior risco, como exemplo: politraumatizado grave; queimaduras com mais de 25% de área de superfície corporal; trauma cranioencefálico grave; estado mental alterado ou em coma; comprometimentos da coluna vertebral; desconforto respiratório grave; perfurações no peito, abdome ou cabeça; crises convulsivas; intoxicações; tentativa de suicídio; parada cardiorrespiratória ou hemorragia grave.
Classificação de risco: amarela
Tempo de espera recomendado até 30 minutos. Casos urgentes, como politraumatizado sem alterações de sinais vitais; cefaleia intensa de início súbito ou rapidamente progressiva; trauma cranioencefálico leve; diminuição do nível de consciência; alteração aguda de comportamento – agitação, letargia ou confusão mental; história de convulsão; dor torácica intensa; desmaios; alterações de sinais vitais em paciente sintomático.
Rodrigo Martini: rodrigomartini@jornalahora.inf.br