Apesar do risco, maracujá é opção rentável

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Apesar do risco, maracujá é opção rentável

Cultivada em pequenas áreas, fruta ganha espaço na região. Condições meteorológicas tornam a cultura arriscada, mas com orientação técnica é possível diversificar a receita das famílias

Apesar do risco, maracujá é opção rentável

De suco a calmante, o maracujá é sucesso nacional. No RS, a cultura abrange 218 produtores. Os 312 hectares cultivados rendem cerca de 5,4 toneladas. Embora a fruta ocupe maior espaço em municípios do litoral, onde a ocorrência de geada é menor, nos vales do Taquari e Rio Pardo, a fruta avança nos pomares.

Com baixo investimento inicial e retorno rápido, surgiu como alternativa para incrementar a renda na propriedade de Sirlene, 52, e Walmor Nyland, 60, de Mato Leitão. Após registrar perdas significativas nas estufas com temporais e consequente queda na produção de tomates e pepinos, a máxima de “não colocar todos os ovos em uma única cesta” foi colocada em prática.

Mesmo que o maracujá ainda não represente fatia significativa na receita, é considerado fundamental para sustentabilidade do negócio. O produtor que diversifica consegue assegurar renda em casos extremos como fechamento de um mercado comprador, queda na cotação de um produto ou até doenças que comprometam uma safra, ensina o técnico em Agropecuária Rudinei Pinheiro Medeiros.

O casal cultivou 120 mudas. O desenvolvimento surpreendeu e a expectativa é de uma boa safra. “A qualidade está excelente. Produzimos no sistema orgânico e isso será um diferencial na hora de vender”, comenta Sirlene.

As primeiras frutas serão colhidas em maio. Além de destinar para a merenda escolar, a ideia é comercializar para fruteiras da região e Ceasa de Porto Alegre. Nyland planeja ampliar a área cultivada. “Exige pouco investimento, o preço é atrativo e o consumo registra constante elevação pelos benefícios à saúde”, destaca. O quilo está cotado a R$ 6 no mercado.

O maracujá é conciliado com a produção de tomate (37 mil quilos), de pepino (oito mil quilos) e outras variedades de olerícolas, como alface e temperos verdes cultivados de forma agroecológica faz dez anos.

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Mamangava é aliada

Para favorecer a polinização natural, Nyland destaca a importância de cuidar da abelha vespa, conhecida como mamangava. Quando ela está presente na plantação, aumenta o número de frutos nos maracujazeiros, explica. “O trabalho dela é essencial, pois as flores não polinizadas não geram frutos”, afirma.

As flores começam a abrir por volta das 11h e completam o ciclo até as 16h, o que facilita o trabalho de polinização. Aconselha cultivar a fruta nas proximidades de matas nativas, onde a presença das abelhas vespas é mais comum.

Cultivo é de risco

O engenheiro agrônomo Derli Paulo Bonine, da Emater de Lajeado, destaca que no RS a cultura é considerada de alto risco por não suportar geada. Devido a isso, a assistência técnica não pode fazer projetos de financiamento com o Proagro.

O maracujazeiro se adapta bem em solos profundos e bem drenados. É importante irrigar o pomar, pois as frutas se desenvolvem durante o verão, época em que podem acontecer estiagens, aconselha. A frutificação começa entre seis e nove meses após o plantio definitivo no primeiro ano, a depender da região e das condições meteorológicas.

A média produzida por hectare no RS chega a 17 toneladas. O custo comercial de implantação de um hectare é de R$ 70 mil. “O risco de perder a produção com a geada e o alto custo de implantação são os principais motivos de não termos produção comercial”, finaliza.

Renovação anual

Segundo Medeiros, o maracujazeiro precisa ser renovado a cada ano. Como a cultura é prejudicada pelas baixas temperaturas, é necessário podar a planta na chegada da primavera para que frutifique nos meses seguintes. “O ideal é cobrir o pé com palha para evitar a queima”, indica.

A cultura exige pelo menos 11 horas de luz ao dia e temperaturas superiores a 25º C para garantir um bom florescimento e frutificação. O pico da produção ocorre entre dezembro e abril.

O espaçamento mais recomendado é de 2,5 m entre fileiras e 5 m entre plantas. Por ser uma planta trepadeira, pode ser cultivada em parreirais ou cercas. “É uma boa alternativa para pequena propriedade. Existe demanda, mercado, o preço é bom e oferecemos orientação técnica”, comenta.

Medeiros orienta produtores sobre poda, irrigação e controle de pragas nos maracujazeiros

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Uso múltiplo

Folhas: para o preparo de chás e na indústria de cosméticos
Casca: usada na produção de geleias e doces
Farinha da casca: suplemento alimentar, rico em fibras, enriquece a alimentação e auxilia na prevenção de doenças
Flor: usada como ornamento e na confecção de aromas
Polpa: rica em vitaminas do complexo B, cálcio, ferro, fósforo, sódio e potássio. Auxilia na cicatrização, fortalece o sistema imunológico e previne a anemia

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