Voluntária na Sociedade de Apoio a Gatos Abandonados (Saga), Ana Elisa Endler, 25, é apaixonada pelos animais. Viu nos gatos um propósito para a sua vida e acredita que, acima de tudo, deve prevalecer o respeito.
• Por que uma associação para cuidar de gatos?
Nós víamos muitas ONGs trabalhando com cães e tendo pouco apoio a gatos. O gato exige uma estrutura completamente diferente. Muitas pessoas que lidam bem com o cão não sabem lidar com os gatos. Então a Saga surgiu dessa necessidade de um apoio específico.
• No que esse voluntariado mudou a sua vida?
Eu comecei o voluntariado em meio a uma doença, estava com problemas sérios de saúde. Tirar os gatos da rua, ver a vida deles mudando, pegar um gato debilitado e ver ele adotado e saudável foi o que me deu força para continuar suportando os problemas que eu tinha na vida pessoal. Foi uma coisa que me manteve erguida por muito tempo. Hoje sinto que minha vida tem sentido, que não estou no mundo em vão. Os gatos fizeram a minha vida ter propósito.
• Como você era antes da Saga? E como é agora?
Eu era uma pessoa sem muitos relacionamentos. Sem muitas amizades. Nesta caminhada com a Saga, foram surgindo muitas amigas que hoje são minhas parceiras de vida. Eu vejo que sou uma pessoa diferente, mais forte.
• Como você avalia a consciência da população?
Hoje nós não temos uma renda fixa. Pedimos ajuda e algumas pessoas fazem depósitos. Temos um projeto de castração em que parte do valor é revertida para animais de rua, para o trato de animais doentes. Hoje as pessoas têm muito mais consciência sobre a castração, mais ainda temos um árduo caminho pela frente.
• O que você diz para quem não gosta de gatos?
Eu acredito que tem quem não goste de gato, quem não goste de cachorro, até quem não goste de gente. Mas nada justifica o maltrato. Tu pode não gostar de gatos, desde que tu respeite. Ninguém é obrigado a gostar de nada nem de ninguém. Mas o respeito é a chave de tudo.
• Como você avalia a “briga” de preferências, entre cães e gatos?
São preferências. O cachorro trata o dono como um superior, tu manda nele e ele te obedece. O gato te vê como um igual, ele não vai te obedecer. Mas isso vai da personalidade, do que tu espera e do que tu quer do animal. O gato não se deixa ensinar, ele tem a personalidade dele. O gato te respeita e te entende.
Caetano Pretto: caetano@jornalahora.inf.br