Familiares, autoridades e amigos estiveram ontem na Capela Mortuária Municipal, no bairro Bela Vista, para despedir-se de Júlio Gasparotto Sobrinho. Empresário e ex-vereador por três mandatos, Gasparotto morreu na terça-feira à tarde, aos 79 anos, em decorrência de problemas cardíacos. Em homenagem a ele, o município decretou luto oficial por três dias – de 10 a 12 de abril.
“Foi uma forma que encontramos de homenageá-lo com reconhecimento e respeito por tudo que fez por Arroio do Meio. Tomei essa decisão em acordo com o presidente da câmara de vereadores, Rodrigo Kreutz. Gasparotto foi um homem que legislou durante muito tempo pelo município”, diz o prefeito Klaus Schnack.
Gasparotto foi vereador por três mandatos: de 1977 a 1982, 1983 a 1988 e de 2001 a 2004. Teve passagens pelo PMDB, PTB e PP.
Estava internado há oito dias para tratar problema cardíaco, primeiro no Hospital Bruno Born, em Lajeado, e nos últimos dias no Instituto de Cardiologia, em Porto Alegre. Tinha sete filhos e nove netos. O corpo foi cremado no Cristo Rei, em São Leopoldo, no fim da tarde de ontem.
Engajado com o trabalho
Reconhecido pela personalidade forte, Gasparotto foi lembrado por familiares como um homem justo e generoso. Funcionária dele no ramo imobiliário por 26 anos, Rosemaria Hofstetter, 51, lembra do chefe com carinho. “Era como um pai pra mim. Tudo que sou e o que aprendi tem uma parte do Gasparotto”, diz emocionada. “Era muito exigente. Mas em todas as discussões tinha um fundo de algo humorado. Se trabalhei ao lado dele por tantos anos é porque tudo deu sempre certo”, relembra.
Sempre muito apaixonado por seus ofícios, Gasparotto costumava chegar às 8h na empresa. Em sua mesa, o jornal do dia o aguardava, junto do chimarrão. Em seguida, saía para a rua para conferir as obras que gerenciava e fazer compras de materiais de construção. No dia 10 de julho faria 80 anos.
“Minha relação com ele, além de neta, foi de funcionária, desde 2011. Sempre muito atencioso comigo, me deixou um legado de como ser correta e generosa”, comenta Bianca Gasparotto, 25.
Vida bem vivida
Familiares e amigos relatam que Gasparotto viveu como quis. Amante da gastronomia italiana, gostava de salame, queijo e vinho. “Ele viveu tudo que poderia viver. Falou aquilo que pensava e tentou modificar aquilo que achava que tinha de mudar”, relembra a filha Saionara Gasparotto, 48. “Ele amava demais Arroio do Meio. Queria que a cidade fosse pra frente para que, nós, os filhos, nunca quiséssemos sair de perto dele”, conta.
Saionara lembra que, pelas caminhadas nas campanhas políticas que ajudou na candidatura do pai, Gasparotto era, por todos os lugares da cidade, bem quisto pela comunidade. “Um dia disse para ele que não acreditava mais na política. Ele me olhou atentamente e disse: você tem que encontrar alguém para acreditar”, diz. “Era um homem forte e guerreiro. Se dedicou com todas as forças que teve em tudo que fez”, finaliza.
Amigo faz mais de 50 anos, Alcides Casotti lembra dos jogos de carta com Gasparotto nos anos 1960. “Gostávamos do ‘quatrilho’. Quando se falava de política, ele sabia de tudo. Sua opinião costumava prevalecer. Só tenho boas lembranças e boas coisas para falar dele. Sempre nutri muita admiração pelo Gasparotto,” afirma.
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br