Ressignificando a Páscoa

Opinião

Ressignificando a Páscoa

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Quando eu era pequena, a Páscoa era o feriado mais esperado depois do Natal e o Coelho aparecia na minha casa dias antes da data em si. Imaginar que ele me observava me deixava insegura. O que será que ele analisava? Ele deixava pegadas no chão de casa e pequenos ovos de chocolate na estante e sempre pintava os gatos com canetinha. Sim, ele sabia onde eu morava.
Na Quinta-Feira Santa, íamos à missa, e o padre lavava os pés de pessoas da comunidade.
Na Sexta-Feira Santa, comíamos peixe e íamos novamente à missa. Na igreja lotada, assistíamos a um teatro sobre a ressurreição de Cristo.
No sábado, quase não dormíamos, pensando se tínhamos nos comportado o suficiente para receber um ninho recheado no dia seguinte.
No domingo, eu e meu irmão tínhamos que procurar os ninhos. Depois de encontrá-los, comparávamos para ver se eram iguais e comíamos algumas coisas.
O ninho durava dias, se não meses e o ovo de açúcar era o que mais tempo demorava para terminar. Era tão doce, que o mínimo pedaço já saciava.
Foram bons tempos. Fomos crescendo e questionando algumas coisas. Os ninhos pararam de vir e a Páscoa passou a ser um momento de encontro e reflexão, ou seja, tomou seu real significado.
A Quaresma e o domingo de Páscoa continuam sendo um período importante e diria necessário para pensar na vida. De certa forma, a história de Jesus não está tão longe de nossa realidade. O julgamento, a agressão e a condenação ainda fazem parte da nossa história 21 séculos depois. Jesus pagou com a vida, a gente paga com a saúde.
Quantas vezes “morremos” num dia, por fracassos e frustrações, para ressuscitarmos no momento seguinte? Quantas vezes necessitamos de um período de Quaresma para tomarmos algumas decisões importantes? Para fazermos jejum de sentimentos e emoções? Para repensarmos rumos e situações? Para percebermos que aquilo é pouco para nos derrubar? Que daremos a volta por cima?
A Páscoa, antes de ser uma data comercial, é um momento de parada e reflexão, para talvez tomarmos novos caminhos, com energia e olhares renovados. Claro, saboreando um ovo de chocolate esse processo se torna menos tenso e mais agradável. Portanto, reflita, repense, ponha metas, mas não deixe de se comportar, para que o Coelho não esqueça seu endereço. Feliz renovação! Desejo boas notícias.

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