Um estudo realizado pela SPC Brasil em parceria com a Confederação Nacional das CDLs mostrou a dificuldade dos brasileiros em controlar as próprias finanças. A pesquisa revela que 58% da população admite não dedicar tempo para a organização do orçamento pessoal e doméstico.
A consequência da falta de cuidado com o tema também fica clara no levantamento. Ao todo, 17% dos consumidores precisam usar cartão de crédito, cheque especial ou mesmo pedir dinheiro emprestado para conseguir pagar as contas do mês de maneira frequente. O percentual aumenta para 24% entre os mais jovens.
Para a mestre em Economia e professora da Ufrgs, Cristiane Souza, o descontrole financeiro resulta no alto índice de endividamento, uma das consequências da ausência de uma política educacional que aborde as formas para lidar com o dinheiro.
Segundo ela, os endividados representam 28,8% da população, e 39,6% das pessoas entre 18 e 95 anos. Lembra que as pessoas com dívidas ficam expostas a altas doses de estresse, o que pode gerar inclusive doenças físicas.
Conforme Cristiane, existem três perfis quando se trata de gestão de finanças pessoais. O primeiro é de pessoas que gastam tudo o que recebem antes mesmo do fim do mês. O segundo é o poupador, que não deixa o dinheiro acabar antes de receber de novo.
“O terceiro perfil é o investidor, que usa o recurso que sobra no mês para fazer investimentos”, destaca.
Organizar o orçamento, alega, é o primeiro passo para sair de um perfil destinado ao endividamento, para um capaz de poupar recursos e investir.
Consumo por impulso
O estudo mostra que 48% dos brasileiros conseguem se planejar quando desejam adquirir um bem de valor mais alto, como casa e automóvel, ou realizar uma viagem. Por outro lado, parte expressiva dos entrevistados revelou que costuma efetuar compras por impulso.
Um terço dos entrevistados relata não avaliar a real necessidade de consumir os priodutos adquiridos. Além disso, 45% nunca consegue comprar somente o planejado e acaba cedendo a promoções e lançamentos.
Conforme Cristiane, medidas simples, como fazer lista ao ir ao mercado, ajudam a fugir das compras desnecessárias. Segundo a economista, o cartão de crédito continua sendo o principal vilão das dívidas familiares motivadas pelas compras por impulso, devido à facilidade na hora da compra. Alerta para os juros excessivos da modalidade, que estão entre os mais expressivos do sistema financeiro.
De acordo com a pesquisa, 39% dos entrevistados nunca calculam quanto pagam de juros ao parcelar uma compra. Quando parcelam alguma compra, 1/3 deles nem sempre sabe se têm outras prestações para pagar.
Imediatismo
A pesquisa ainda mostra que parte dos consumidores não se importa com o próprio futuro financeiro. Ao todo, 19% dos entrevistados consideram mais importante gastar dinheiro hoje do que guardar, e apenas 38% dizem confiar na própria capacidade de investir.