Morador de Estrela, Daniel Arenhart, 26, o ‘Banha’, conta como foi viajar de bicicleta durante quatro meses, passando por 149 cidades da América Latina.
• Como surgiu a sua relação com a magrela?
Começou em 2013. Trabalhei em Porto Alegre por cinco anos e lá usava a bicicleta como meio de transporte, por ser mais rápido e me trazer bem-estar. No cicloturismo, comecei com pequenas viagens. Primeiro, fui para Santa Catarina, no Circuito Vale Europeu, e fiquei umas duas semanas. Depois, fui para a costa do Uruguai, e lá fiz uma viagem de uma semana, entre outras menores.
• Como foi a viagem mais recente, à Patagônia?
Foram 125 dias. Planejei durante um ano – não a rota, mas o equipamento que usaria. Em outubro do ano passado, saí e voltei agora, em fevereiro. Fiz cerca de seis mil quilômetros de bicicleta, dois mil de carona e 1,5 mil de ônibus. Para voltar, passei pela costa da Argentina, que é muito deserta, então, de bicicleta não é muito interessante. Na ida, foram três meses, só de bicicleta; peguei ônibus apenas num trecho.
• Como foi essa experiência?
Estava viajando de uma forma bem independente. Levava tudo que precisava: barraca, colchonete, saco de dormir quente, e sempre cozinhava, com a ideia de gastar menos. Às vezes, dormia em casas, pelo couch surfing (rede de hospedagem), além de pessoas que me convidavam. Levei três peças de cada tipo de roupa: camisas, meias, roupas íntimas e roupas de frio. De eletrônicos, só celular e uma bateria externa. Além de um fogareiro, talheres e alimento. Eu estava preocupado em não emagrecer, então, comia o máximo que podia.
• Quais são as melhores lembranças?
Sai pensando em ver montanhas, paisagens interessantes. Mas o que mais me encantou foram as pessoas. Cada pessoa que encontrei no caminho, sempre motivando e desejando sorte, além daquelas que ofereciam comida e abrigo. Isso que me fazia continuar. Teve um dia muito legal, que peguei vento muito forte a favor, fiz quase 60 quilômetros e nem precisei pedalar.
• Que dicas que você dá para quem quer se aventurar assim?
Não tem segredo. Foi bem mais tranquilo do que esperava. Aconselho a simplesmente sair, não demorar muito. Na estrada, as pessoas sempre te ajudam. Conheci um russo que estava viajando pelo Brasil e não tinha dinheiro; ele só levantava uma plaquinha e as pessoas davam mais do que ele precisava. Só precisa ter vontade.
Gisele Feraboli: gesiele@jornalahora.inf.br