Passados nove meses e sete cirurgias após contrair uma infecção generalizada no intestino, em junho do ano passado, e com pelo 30 quilos a menos, o diagnóstico de Luci Aguilar, 41, é considerado grave. Recebendo apenas um salário mínimo do INSS e sem recursos próprios, a moradora do bairros das Indústrias enfrenta sérias dificuldades para curar-se da doença.
Com a gravidade da infecção intestinal, Luci precisa de duas a três bolsas de colostomia (procedimento que consiste na exteriorização do intestino grosso, por meio da parede abdominal, para eliminação de gases ou fezes) por dia. Porém o SUS oferece apenas oito bolsas por mês.
“É protocolo de cada paciente. São 28 pacientes em Estrela que precisam de colostomia. Eles têm direito a oito bolsas por mês”, explica a técnica em Enfermagem Estela D’Ávila, 36, da Unidade Básica de Saúde Central. Segundo ela, com a gravidade do caso de Luci, foi solicitado na 16a Coordenadoria Regional de Saúde, em Lajeado, mais materiais para ela. “É provável que no próximo mês a Luci receba dez bolsas”, explica.
No entanto, ainda que aumentem o número de bolsas de colostomia para dez, Luci ficaria sem o material em quatro dias e precisaria de, no mínimo, outras 50 bolsas para passar o mês. Além disso, precisa de medicamentos, que ainda não foram disponibilizados na rede pública, e suplementos alimentares.
“São mais de R$ 600 que preciso por mês, tirando a ajuda do SUS, para a compra de todo material”, explica Luci. “Estou recebendo apenas um salário mínimo e, com ele, preciso pagar aluguel e ajudar minha filha na escola. A situação está insustentável”, desabafa.
“Não me olho no espelho”
Com dificuldade para caminhar e sair da cama, Luci, que trabalhava como faxineira e cuidadora de idosos e crianças, foi de 80 quilos para 50 durante o tratamento. Com os olhos cheios de lágrima, ela protesta “Faz quase um ano que não me olho no espelho. Hoje sou outra pessoa. Não me reconheço. Evito também ver fotos minhas”, diz chorando.
Sem ter todos os remédios do SUS e com a falta de dinheiro, por vezes, ela acaba ficando sem a medicação. “Isso só piora o meu quadro. Preciso muito de ajuda”, lamenta.
Por enquanto, amigos e familiares auxiliam Luci, principalmente após uma campanha ter sido feita por ela pelo Facebook.
A sobrinha Julia Camilia, 18, ajuda Luci desde dezembro do ano passado. Ela veio de Charqueadas exclusivamente para auxiliar a tia.
“É muito triste ver ela assim. Faço de sete a oito curativos nela por dia. De manhã, acordo cedo antes de ir pra aula para fazer o primeiro curativo e, quando volta da escola, faço mais um e depois faço o almoço para nós”, relata a sobrinha.
Quem quiser ajudar
Doações para Luci Aguilar podem ser feitas por meio de depósitos financeiros ou de compra de materiais médicos. Bolsas de colostomia, curativos e suplementos alimentares estão entre as principais necessidades.
Ela pode ser contatada pelo 9 9910-2592.
Providências
O secretário de Saúde de Estrela, Elmar Schneider, prometeu tomar providências sobre o caso e procurar a ajuda necessária para o quadro de Luci. Ele afirmou já saber do quadro de saúde de Luci.
Cristiano Daurte: cristiano@jornalahora.inf.br