A 4ª Semana Municipal da Capoeira encerrou na tarde desse sábado, 17, com mais de três horas de roda, no saguão da prefeitura. Cerca de cem pessoas prestigiaram a atividade, que marcou a troca de cordéis e a entrega de certificados para quase 60 crianças dos núcleos de cultura de Teutônia.
O evento foi organizado pelo grupo Modelo Oxóssi, com apoio das secretarias de Educação e de Juventude, Cultura, Esporte e Lazer. A apresentação no centro administrativo foi a etapa final de um conjunto de palestras, oficinas e competições que percorreram três escolas municipais: 24 de Maio, Professor Guilherme Sommer e Cemef Leonel de Moura Brizola.
O objetivo foi prestigiar e incentivar a modalidade em Teutônia, que conta com pelo menos 300 praticantes. Entre as presenças de maior destaque, estiveram o Mestre Índio, 77 anos, de Salvador, fundador do grupo Oxóssi, e o Mestre Ratinho, que atua na Itália. Também compareceram representantes de Lajeado, Encantado, Caxias do Sul, Porto Alegre, Cachoeirinha, Gravataí, Santa Maria, São Sepé, Caçapava do Sul, Rio Pardo, Santa Cruz do Sul, além de capoeiristas uruguaios, chilenos e italianos.
De acordo com Mestre Índio, a modalidade não tem fronteiras. “Hoje, em todo o lugar do mundo, a capoeira é praticada”, destaca. Sobre o desenvolvimento da arte afro-brasileira em uma cidade de colonização alemã, diz que a “mistura de culturas” é saudável para a sociedade. “Mistura uma cultura com a outra, e o que vai dar? Vai dar Brasil”, comenta.
“A capoeira ajudou a libertar o negro, mas depois ela agregou todas as outras raças. Não tem preconceito, não tem barreiras ou fronteiras. Capoeira é só alegria”, afirma. Ele é um dos responsáveis pela propagação da cultura na Região Sul, na década 1970, e pela formação de centenas de mestres com atuação no Brasil e no exterior.
Conforme o organizador da Semana da Capoeira, Claiton Crovatto Jr. (Mestre Submission), a atividade cresce a cada ano, em público e participações. “Cada vez vemos uma aceitação melhor por parte da comunidade e do poder público”, avalia. Para ele, a qualidade do evento demonstrou a força do empenho e da união entre os capoeiristas que, sem recursos públicos, organizam eventos de alto nível.
Capoeira da inclusão
Professor de capoeira nos núcleos de cultura, Crovatto Jr. reforça o convite aos interessados em participar das aulas. As inscrições podem ser feitas na Secretaria de Juventude, Cultura, Esporte e Lazer.
Sergio Etgeton é pai do estudante Gabriel, 9, que pratica capoeira faz dois anos no Cemef. Segundo ele, todas as instituições de ensino devem investir nas atividades extracurriculares, que auxiliam na formação do caráter das crianças. “Quanto mais os estudantes desenvolvem atividades culturais na escola, como capoeira, dança, teatro, melhor será para eles no futuro”, considera.
Também participaram das apresentações idosos e pessoas com necessidades especiais, integrantes de grupos específicos dos núcleos de cultura. Eles entraram na roda e jogaram com os mestres.
Cleci de Azevedo é mãe da capoeirista Paola, 18, que começou a jogar com 5 anos, na Apae. São inúmeros os benefícios que a arte proporciona à filha, em aspectos como coordenação motora, concentração e sociabilidade. “A Paola é muito ativa, gosta de música, de dança. A capoeira faz muito bem para o desenvolvimento dela”, comenta.
Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br