O assassinato da vereadora do Rio de Janeiro Marielle Franco (Psol) motivou reações no município. Mulheres do Coletivo Feminista da cidade organizaram uma vigília na noite de ontem, na rótula da Univates.
Cerca de 40 pessoas participaram do ato. Munidos de faixas e cartazes com pedidos de justiça, acenderam velas em memória da militante dos movimentos negro e feminista. De acordo com Inauã Ribeiro, uma das organizadoras da ação, o número participantes surpreendeu diante da rapidez com que o ato foi definido.
“Foi muito espontâneo. Vimos que iriam ocorrer vigílias em todo o Brasil e decidimos fazer, nem que estivéssemos em apenas duas pessoas”, aponta. Segundo ela, a escolha da Univates ocorreu pelo grande fluxo de pessoas e ônibus vindos de todas as cidades do Vale do Taquari.
“Queríamos dar visibilidade a esse caso de violência, porque muitas pessoas não compreenderam o significado do ocorrido”, ressalta. De acordo com uma das ativistas, Marielle foi morta pelo seu posicionamento político em defesa dos direitos humanos e de um mundo mais justo.
Representante do movimento Resistência Feminina Solidária, criado em Porto Alegre, Fabiana Braun Spinelli, 43, afirma que a repercussão rápida está diretamente relacionada à barbárie que envolveu a morte de Marielle e a vontade crescente das mulheres em lutar por seus direitos.
“Hoje, a situação do nosso país está muito confusa e as pessoas estão cansadas. Acredito que o povo não vai se calar diante de mais essa injustiça”, aponta. Para Fabiana, enquanto o país não investir em políticas públicas e sociais, em especial as voltadas para a educação, saúde e moradia, a violência tente a aumentar cada vez mais.
A Câmara de Vereadores de Lajeado emitiu nota sobre o assassinato de Marielle. O texto publicado na página do Facebook do Legislativo fala sobre o fato de o crime ocorreu no mês da mulher e vitimou a quinta vereadora mais votada do RJ.
“Representante legítima do povo brasileiro, Marielle Franco, foi assassinada a tiros e deixou para trás os seus sonhos de viver em um País mais justo e com menos desigualdade social”, diz a nota. Conforme o texto, notícias como a da morte da vereadora trazem profunda tristeza e exigem reflexão.
O crime
Marielle Franco foi assassinada a tiros após sair de um evento com ativistas negras no bairro da Lapa, no Rio de Janeiro. Ela estava em um automóvel Agille quando bandidos pararam um carro ao lado e dispararam várias vezes. Quatro tiros atingiram o rosto da vereadora, que morreu no local. O motorista do carro, Anderson Pedro Gomes, foi atingido três vezes nas costas e também morreu.
Atuação destacada
Formada em Ciências Sociais pela PUC-Rio, Marielle Franco era mestre em Administração Pública pela Universidade Federal Fluminense (UFF). Ex-coordenadora da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro (Alerj) iniciou a militância em direitos humanos após ingressar no pré-vestibular comunitário e ter uma amiga morta a tiros. Ela deixou uma filha de 19 anos.
Como foi o crime
– Marielle Franco participou de um evento sobre empoderamento feminino e ativismo contra racismo na Casa das Pretas, na Lapa.
– Após o evento, na madrugada, a vereadora saiu em um veículo. A Polícia Civil do Rio de Janeiro acredita que os assassinos de Marielle Franco a perseguiram por cerca de quatro quilômetros, até o local do crime, na rua Joaquim Palhares, no centro da cidade.
– Segundo a investigação, Marielle não costumava andar no banco de trás do veículo, que possui filme escuro nos vidros. Na noite de quarta, no entanto, ela estava no banco traseiro, no lado do carona.
– Um veículo Cobalt prata teria encostado ao lado do carro da parlamentar e efetuado os disparos com uma pistola 9mm.
– Investigação concluiu que os tiros entraram pela parte traseira do lado do carona, o que prova que os assassinos vigiavam a movimentação da vítima.
– A vereadora foi atingida por quatro disparos na cabeça. Além de Marielle, o motorista do veículo, Anderson Pedro Gomes, também foi baleado e morreu no local. Ele foi atingido por pelo menos três tiros nas costas.
– Uma assessora de Marielle, que estava no carro, sobreviveu ao ataque.
– Os criminosos fugiram sem levar nada das vítimas.
– A Polícia Civil ainda não sabe a motivação do crime.
Thiago Maurique: thiagomaurique@jornalahora.inf.br