O extremismo nas redes sociais

Editorial

O extremismo nas redes sociais

A internet trouxe uma interatividade sem precedentes. Jornais e demais veículos de comunicação democratizaram o acesso e estabeleceram conexões adicionais com o público. As redes sociais ampliaram este expectro e, ao mesmo tempo, deram vazão à diversidade de opiniões, muitas…

A internet trouxe uma interatividade sem precedentes. Jornais e demais veículos de comunicação democratizaram o acesso e estabeleceram conexões adicionais com o público. As redes sociais ampliaram este expectro e, ao mesmo tempo, deram vazão à diversidade de opiniões, muitas delas dispensáveis ou inadequadas.
O Jornal A Hora experimentou ontem, na sua página da rede social do Facebook, um episódio lamentável e cujo desdobramento se chocou com o propósito de entregar notícias relevantes aos leitores.
O conteúdo da coluna Abre Aspas, do fim de semana, trouxe uma entrevista com uma ativista que acabou rechaçada por internautas, após A Hora excluir alguns comentários.
Embora a justificativa escrita pelo jornal não tivesse a intenção de ofender ou acusar, acabou causando este sentimento em quem teve sua postagem excluída.
Diante da avançada desconstrução jornalística e nenhuma contribuição para o debate plural, respeitoso e equilibrado, o jornal decidiu excluir a postagem integral da rede social, e manteve apenas a publicação em seu portal.
A Hora reafirma seus princípios editoriais, entre os quais prima pelo respeito à diversidade de opiniões. Entretanto, liberdade de pensamento não pode ser confundida com falácias ofensivas que causem prejuízo a outrem. Abrir espaço para diferentes manifestações, sejam políticas, ideológicas ou culturais, é papel da imprensa, assim como também deve impedir e desencorajar a proliferação de conteúdo irrelevante, ofensivo, duvidoso e sem caráter educacional ou cultural.
As seções on-line para comentários se universalizaram e dão sinais de crescimento da agressividade e do extremismo. Tal fenômeno impõe a importância do discernimento e abre um questionamento sobre a real utilidade desse canal interativo. Não é a toa que alguns grandes jornais já declinaram de publicar seu conteúdo nestas plataformas sociais.
Conforme estudo do Fórum Mundial de Editores (WEF), esse comportamento intolerante dos internautas obriga os veículos a repensarem seu modelo de negócio e interação por meio da internet. Há uma tendência dos jornais desistirem de gerenciar e separar comentários produtivos das ofensas inoportunas e fecharem as áreas destinadas a eles. Na pesquisa, 60% dos veículos consultados mudaram os critérios para divulgação de comentários e 8% eliminaram o espaço de opinião.
No New York Times, os comentários são filtrados apesar do desgaste de autorizar a publicação de apenas 10% dos posts. A maioria das empresas de comunicação entende que não faz sentido destinar valiosos editores para a insana, e via de regra falha, missão de expurgar ofensas em meio às manifestações.
Os jornais servem como centros do diálogo entre as comunidades. Uma praça para todas as manifestações de pensamento. Quando este espaço é convertido em brigas e ofensas sem sentido, o veículo deve tomar posição.

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