“Sofremos uma tripla opressão”

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“Sofremos uma tripla opressão”

Nascida em Bom Retiro do Sul, Luana de Brito, 28, é ativista do feminismo negro. Estudante de Ciências Sociais na UFRGS, participa de diversos movimentos em defesa da igualdade racial e de gênero, desenvolvendo ações voltadas ao empoderamento da mulher…

“Sofremos uma tripla opressão”

Nascida em Bom Retiro do Sul, Luana de Brito, 28, é ativista do feminismo negro. Estudante de Ciências Sociais na UFRGS, participa de diversos movimentos em defesa da igualdade racial e de gênero, desenvolvendo ações voltadas ao empoderamento da mulher negra.
• O que te fez despertar para o ativismo?
As necessidades de nós mulheres negras são muito peculiares e, sem que seja feita uma profunda análise do racismo brasileiro, é impossível atender às urgências do grupo. O feminismo negro é muito discutido hoje e é importante porque inclui na organização das pautas feministas as reivindicações de nós mulheres negras, levando em consideração as nossas reais necessidades, já que sofremos uma tripla opressão. Além do machismo, enfrentamos o preconceito de classe social e o racismo, que abala não só nossa autoestima, mas impõe barreiras à nossa presença em espaços de poder.
• Qual é a melhor estratégia para combater o preconceito e o machismo?
Sou integrante de dois movimentos de mulheres negras no RS. Queremos romper com a centralização cultural eurocêntrica na qual a sociedade sulista se encontra submersa, a fim de contribuir para a redução dos processos discriminatórios ainda existentes em nossa sociedade. O que temos em comum e o que nos une é o desejo de dar visibilidade e voz à nossa identidade de matriz africana, as demandas específicas das mulheres negras e promover o respeito à nossa ancestralidade.
• Quais as dificuldades enfrentadas pela mulher negra em uma região onde predominam as etnias europeias?
Nascer em uma região predominantemente branca e me sentir estrangeira no meu próprio país. Cada seguida de segurança na loja, olhar de estranhamento quando estou em lugares que julgam não ser para mim. Cada “você deveria ser passista e não estudar Ciências Sociais”. Cada reportagem mostrando os números absurdos de assassinatos de jovens negros, de mulheres negras assassinadas. E essa sensação de não pertencer a esse território faz com que busquemos outros lugares, espaços e outras representatividades. As dificuldades são muitas e, por isso, nosso enfrentamento contra os diversos preconceitos, racismo, machismo é diário!
• Qual é a sua mensagem para as mulheres do Vale do Taquari nesta semana?
“Nossos passos vêm de longe”, que se tornou lema e ganhou visibilidade na escrita e na voz de Jurema Werneck.

Alexandre Miorim: alexandre@jornalahora.inf.br

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