Com os olhos cheios de lágrima e a voz embargada, Miguel Arenhardt fez o último discurso como presidente da Acil. Ele será substituído por Aline Eggers na próxima terça-feira, 13. Na fala, agradeceu os associados e parceiros pelos dois anos de gestão.
Em seguida, abriu a primeira palestra da reunião-almoço que tinha como tema “Gestão com o Coração”, ministrada pelo empresário Emílio Finger, 54, diretor da Racon Consórcios, em Caxias do Sul.
Aos 6 meses, Emílio Finger contraiu paralisia infantil e, segundo ele, desde então, iniciou-se um processo de sonhos, desafios, metas e conquistas.
“Os médicos diziam que eu nunca andaria. Perdi movimento nas pernas e no braço direito. Percebi que só havia um jeito de eu conhecer meus limites: testando eles todos os dias e negociando cada um a cada instante.”
Muito além de abordar gestão empresarial, a palestra de Finger tocou sobre algo tão relevante quanto: a gestão da vidas. A história dele, de superação e coragem, emocionou associados e não associados que lotaram o Salão de Eventos.
“Não se pode acreditar nos problemas que temos. Temos que acreditar em nós mesmos. A partir dos nossos sonhos, criamos os nossos objetivos e, em seguida, nossas metas. Mas de nada adianta iniciarmos isso tudo sem saber que teremos que ter duas coisas fundamentais: persistência e disciplina” afirmou.
Primeiros passos de um líder
Com a paralisia nas pernas, aos 6 anos, Emílio usava os dois braços para apoiar e se arrastar pelo chão da casa onde residia em Flores da Cunha. Um dia, o pai anunciou para a mulher que compraria uma cadeira de rodas para o filho, pois estava cansado e triste de vê-lo de arrasto de um lado para o outro pela casa.
“Minha mãe proibiu meu pai de fazer isso. Ela disse que eu acreditava que um dia andaria e que esse era meu sonho e que, além disso, eles mesmos haviam estimulado minha crença nisso. Desde então, nunca mais se falou de cadeira de rodas em minha casa. É assim que devemos crer em nossos sonhos”, lembrou Finger.
Assim como um alpinista que divide a montanha em objetivos para chegar ao topo, Finger ficou conseguiu ficar em pé pela primeira vez aos 7 anos e, desde então, deu um passo de cada vez, com paciência e persistência e, hoje, carrega na história dezenas de viagens e desafios ao longo de sua trajetória.
Em maio do ano passado, por exemplo, enfrentou os mais de 800 quilômetros do Caminho de Santigo da Compostela e, além disso, é mergulhador profissional.
“A disciplina tem a força de superar qualquer talento. Aliás, quando se conquista isso, a disciplina torna-se o próprio talento. Para dar meus primeiros passos, tentei várias centenas de vezes caminhar em um andador. Iniciei me apoiando com os braços e o coração. Sou um especialista em persistência”, explicou.
Sobre gerir com o coração
Para Finger, que atua no grupo Random faz 22 anos, os gestores têm de ser modernos, aprender a ouvir e respeitar as individualidades de suas pessoas.
“As pessoas são o bem maior de uma empresa. Temos de administrá-los pelos sentimentos e não por números. É a partir daí que um negócio trará resultados positivos. Fazer com amor é o segredo para fazermos mais e melhor. Não se consegue nada sem exaustão. ”
Em pé, equilibrando-se sobre a bengala e com um sorriso, afirmou,“Realizei meu sonho de caminhar. Se eu consegui, todos podem.”
Cristiano Duarte: cristiano@jornalahora.inf.br