O Consulado Gremista Feminino de Lajeado, primeiro da história do Tricolor, foi criado para incentivar a presença de mulheres e famílias nos estádios. Foi oficializado no dia 26 de janeiro. O grupo formado por 15 mulheres se uniu para mostrar que o lugar delas é, sim, no estádio de futebol.
Elas dizem que a presença feminina cresceu nos últimos anos, mas ainda faltava um consulado para reunir essa paixão. “Hoje a mulher marca presença com uma grande força nos estádios. Porém, dentro dos consulados, a maioria dos torcedores ainda é homem”, afirma Zully Abella, uma das fundadoras.
Para ter uma ideia dessa disparidade, o Grêmio tem cerca de 800 consulados, e apenas quatro deles têm uma mulher como cônsul principal, nenhum dentro do RS. “Sabemos que a mulher vai ao estádio, leva filho, família. Então, pensamos por que não representar essa força com um consulado feminino?”, conta.
O grupo é formado por uma cônsul principal, Eroni Lorenz Abella, e 14 cônsules-adjuntas. Não pretendem incentivar apenas a ida da mulher ao estádio, mas também a realização de ações sociais. “Temos como objetivo incentivar novas torcedoras a se associar e ter companhia feminina nos jogos. Mas queremos mais que isso, pretendemos realizar ações sociais, favorecendo entidades como creches, lares de crianças, idosos, e animais”, garante Zully.
O consulado de Lajeado é exemplo para todas as mulheres que buscam o seu espaço nesse esporte normalmente associado aos homens. Prova disso é o reconhecimento que o Grêmio dá ao grupo. Ontem, as integrantes entraram em campo na Arena, no intervalo entre Grêmio e São Paulo.
Entrevista
“Somos a voz do movimento”
Zully Abella, 42, é uma das fundadoras do Consulado Gremista Feminino de Lajeado. Apaixonada por futebol, acredita que a mulher tem conquistado seu espaço no esporte.
A Hora – Como a mulher é tratada no mundo do futebol?
Zully Abella – Ao meu ver, mudou muito. Existe o respeito porque os homens viram que a mulher sabe de futebol tanto quanto eles. Só ver a quantidade de apresentadoras esportivas, que cada dia mais mostram seu valor e que não deixam nada a desejar se comparadas aos homens. Temos também mulheres atuando muito bem como árbitras e bandeirinhas. Estamos mostrando que esse ambiente que antigamente era considerado masculino também é nosso.
O que tem a melhorar?
Zully – A mulher ainda precisa ser encorajada a ir ao estádio, levar a família. Mostrar que é um ambiente saudável e que você pode apoiar o time sem ser discriminada. Para isso, criamos o nosso consulado, para estar lá e mostrar para as mulheres que elas serão respeitadas e terão seu espaço.
Como surgiu sua paixão pela modalidade?
Zully – Meu pai foi jogador, juiz e massagista. Meus irmãos foram atletas profissionais. Meu marido, Rodrigo Conte, é ex-jogador e trabalha na área. Para mim, falar de futebol e estar lá torcendo é algo normal. É uma paixão que cresce cada dia mais.
O grupo é aberto a qualquer torcedora gremista?
Zully – O consulado é fechado, o nome tem que ser levado por uma das integrantes e colocado em votação.
Porém fazemos parte do movimento Gurias do Grêmio de Lajeado, que hoje tem mais de 160 integrantes. Participamos com elas, levamos suas ideias até ao Grêmio. Somos a voz do movimento.
O Consulado
Consul: Eroni Lorenz Abella
Cônsules-adjuntas: Zully Abella, Bruna Nunes, Inajara da Silva, Taine Wendt, Mara Rockenback, Bruna Rockenback, Daiana Buza, Mariane Tomazzi, Eduarda Henkes, Karen Klein, Gabriele de Oliveira, Vânia da Rosa, Liriane de Oliveira e Natália Cardoso
Caetano Pretto: caetano@jornalahora.inf.br