As forças de segurança fraquejam diante da desassistência do governo estadual. As polícias atuam com poucos recursos, com déficit de efetivo e fazem o que podem com o pouco que tem. Na lógica do cobertor curto, elaboram estratégias de atuação dentro de um limite estrutural.
Um ataque a banco pode ser uma fagulha para a opinião pública criticar as corporações policiais. Alvo errado. A responsabilidade precisa recair sobre os gestores estaduais. Está na Secretaria de Segurança Pública e no Palácio Piratini.
Santa Clara do Sul teve uma madrugada de pânico. O estrondo da explosão acordou os moradores do centro. Os tiros foram o alerta para ninguém sair de casa. A cidade com sete mil habitantes não vivenciava um ato como esse fazia quase 16 anos. Em dezembro de 2002 foi o último ataque a banco. Até ontem.
O roubo deixa uma lição amarga. Cidades do interior estão desguarnecidas, desassistidas. Para alguns, abandonadas. Não há aparato policial suficiente para coibir a atuação dos criminosos. A criminalidade migra da Região Metropolitana e encontra nas cidades pequenas um terreno fértil e rentável.
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Atuam certos do sucesso da empreitada. No ataque a Taquari em novembro passado, um ladrão falou para os reféns: “Se a gente soubesse que era tão fácil, teria vindo antes.” Ao que parece, cumpriram com a promessa.
A população gaúcha chegou ao limite. A justificativa da crise financeira não dá salvo conduto às autoridades estaduais. Por mais que o governador José Ivo Sartori afirme que a segurança pública sempre foi prioridade, as polícias só não estão em uma condição pior devido à sociedade civil organizada. As associações locais garantem a manutenção de viaturas, equipamentos, armas e até gasolina às polícias.
Por mais que o governo tenha aberto seleção para a Polícia Civil e Brigada Militar, ainda falta um plano macro à segurança pública. Mais polícia nas ruas é um clamor público. O desejo se sustenta na esperança de que essa presença interfira no ímpeto dos criminosos.
Sem dinheiro para fazer algo novo, a repetição dos problemas virou um mantra. Essas justificativas deixam claro que instituir uma política de segurança pública é um objetivo distante.
Editorial
Lição amarga
As forças de segurança fraquejam diante da desassistência do governo estadual. As polícias atuam com poucos recursos, com déficit de efetivo e fazem o que podem com o pouco que tem. Na lógica do cobertor curto, elaboram estratégias de atuação…