Bolsista de doutorado na Univates, Maicon Toldi, 33, dedicou os últimos seis anos a estudos sobre ácaros. No próximo domingo, embarca para a Itália, onde dará continuidade à análise sobre a ação de ácaros em áreas de recuperação ambiental do bioma Pampa.
• De que forma a pesquisa começou a fazer parte da sua vida?
Sempre fui muito curioso e questionador, criava vários insetos na infância. Em 2007 havia uma parceria da empresa em que eu trabalhava com a Universidade Federal de Brasília (UNB). Fiquei em Brasília um mês e me encantei com as pesquisas que acompanhei. Há muita informação na academia que as empresas não aproveitam, e isso me inquietou.
• Como surgiu o interesse por pesquisar ácaros?
Eu era funcionário da Univates e professor do Ensino Médio quando conheci o Laboratório de Acarologia. Fiquei encantado com a forma de trabalho do meu atual orientador, Noeli Juarez Ferla. Participei de bolsas na graduação e, quando me formei, o mestrado foi automático. Agora faz seis anos que estou no laboratório. No mestrado, trabalhei com controle biológico na agroecologia. Hoje estudo medidas de recuperação do bioma Pampa.
• Qual a importância de seres tão minúsculos para a vida humana?
Os ácaros estão em toda parte. Na agricultura, algumas espécies são pragas, mas há predadores que podem manter a produção agrícola salva. No trabalho atual, eu percebi que por serem abundantes em plantas nativas eles são bons bioindicadores de microclimas em áreas de preservação permanente do bioma Pampa. Assim podem ajudar no manejo dessas áreas.
• Nos últimos anos, a pesquisa é desvalorizada no país. Qual sua percepção sobre esse cenário?
Diminuíram os valores repassados. É complicada essa inconstância. Algumas pesquisas demoram mais para apresentar resultados e são sensíveis a essas variações. Entretanto é uma oportunidade de inovar e encontrar formas mais eficientes para continuar. Eu acredito que maior interação entre universidades e empresas é necessária. Buscar pesquisas mais aplicadas também é um desafio.
• Como se sente, neste período, conquistando uma bolsa internacional?
Vou passar cinco meses na Itália financiado pela Universidade de Bari. É um reconhecimento do trabalho de todos do laboratório, pois o interesse vem de outro país. Eu espero dar conta da responsabilidade. Vou repassar conhecimentos, e aprender novas técnicas de lá.
Carolina Chaves da Silva: carolina@jornalahora.inf.br