“O vinho deve ser compartilhado”

Notícia

“O vinho deve ser compartilhado”

Natural de Muçum, Flávio Zílio, 54, trocou o Vale do Taquari pelo dos Vinhedos, onde é enólogo-chefe da Vinícola Aurora. Em 2016, foi eleito o enólogo do ano pela Associação Brasileira de Enologia. • Qual é a sua relação com…

“O vinho deve ser compartilhado”

Natural de Muçum, Flávio Zílio, 54, trocou o Vale do Taquari pelo dos Vinhedos, onde é enólogo-chefe da Vinícola Aurora. Em 2016, foi eleito o enólogo do ano pela Associação Brasileira de Enologia.
• Qual é a sua relação com Vale do Taquari?
Nasci em Linha Alegre, Muçum, onde fiquei até os 22 anos. Era uma área pequena e trabalhávamos na agricultura. Meu avô foi sócio da Dália, e meu pai foi sócio da Coopave. Minha mãe (Odile) ainda mora lá. Adoro a terra onde nasci porque ela me ensinou algo que a gente tem dificuldade de aprender nas universidades: a capacidade de trabalhar. Quando tu trabalha numa propriedade com certas limitações no relevo, no solo, tu tem que trabalhar acima da média.
• Como surgiu a atração pelo vinho?
Em Muçum, meu avô sempre cultivou um pequeno vinhedo, fazia vinho, e a gente ajudava. Na hora de estudar, escolhi Enologia, em Bento Gonçalves, onde moro. Assim surgiu essa carreira que me mostrou muitos lugares do mundo: Chile, Argentina, França, Itália.
• Há um ritual para alcançar uma experiência plena com o vinho?
A pessoa tem que saber se prefere branco, tinto ou rosado. Nos pontos de venda, o armazenamento precisa ter luz e temperatura controladas. Na hora de beber, o vinho sempre deve ser acompanhado de um petisco. E, se possível, ter companhia. O vinho deve ser compartilhado; é preciso expor o que se sentiu sobre o vinho e, para isso, precisa de outra pessoa. Para mim, depois da água, a melhor bebida do mundo é o espumante. Pode não resolver todos os problemas, mas tenho certeza de que duas taças de espumante ajudam a aliviar a tensão entre os seres humanos. A todos que têm oportunidade: sempre tenham uma garrafa de espumante na geladeira.
• Quais os benefícios do “néctar dos deuses”?
O mais famoso dos paradoxos é o francês, que diz que o francês é um grande consumidor de gordura e, pelos estudos, se sabe que o povo que consome gordura tem altos níveis de óbitos por infarto. Mas é pelo contrário: o francês consome muita gordura e não tem muitos óbitos por problemas cardíacos. Por isso, se diz que o vinho tem benefícios muito grandes para a saúde – claro, com o consumo moderado. E quem consome vinho, normalmente, está cercado de pessoas e conversa sobre a vida, sobre o mundo. Assim, o vinho tem o poder de agrupar e trazer conhecimento às pessoas. É comprovado também que o vinho tem resveratrol, um antioxidante poderoso. Outra coisa importante: o vinho raramente tem relação com o alcoolismo.

Gesiele Lordes: gesiele@jornalahora.inf.br

Acompanhe
nossas
redes sociais