Onde colocar?

Opinião

Raquel Winter

Raquel Winter

Professora e consultora executiva

Onde colocar?

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Desta vez eu estava irritada, desconfortável, um tanto revoltada, chateada mesmo. Mas por quê?
Tenho a prática de, sempre que possível, ficar em silêncio, sozinha, para pensar na vida e em especial para refletir sobre como andam meus pensamentos, meus sentimentos. Há um bom tempo que estou certa de que autoconhecimento não cai do céu.
É preciso que tenhamos dedicação, tempo, observação, como em todos os demais conhecimentos que almejamos. Identifiquei em um desses momentos pensativos que as “coisas não estavam fluindo bem do lado de dentro do meu ser”.
Foi então que surgiu o entendimento (apesar da negação inicial) de que se tratava de ressentimento. Certamente essa é a palavra que melhor definiu meu estado. “Re-sentir”, sentir outra vez.
Me dei conta de que todos os fatos que estavam me incomodando, tanto na vida pessoal quanto na vida profissional, eram recorrentes, situações mal resolvidas. A gaveta que guarda todas essas coisinhas e algumas coisonas que já haviam me incomodado em outros tempos estava aberta outra vez. Mas espera aí Sra. Raquel! O que significa essa gaveta?
Vamos compará-la com aquela gaveta que geralmente também temos em nossa casa. Na pior das hipóteses, além da gaveta, temos um cômodo chamado quarto da bagunça, onde vamos acumulando quinquilharias. Isso acontece porque não sabemos o que fazer com essas ou mesmo porque estamos cansados demais para definir um local mais apropriado para elas.
O mesmo parece acontecer com o nosso coração, ou cérebro, se assim você preferir. Temos lá um espaço onde colocamos em forma de ressentimento ou mágoa vivências que não foram resolvidas e nem mesmo colocadas no lugar adequado.
Acontece que em alguns casos a bagunça fica tanta que nos falta coragem e até energia para encarar. Mas não tem jeito. Há um momento em que teremos que enfrentar e começar a organização ou será irremediável. Então nos vemos obrigados a enfrentar o caos e reservar um bom tempo para que possamos pegar cada uma daquelas coisas (e ressentimentos) e pensar para onde direcionar, como resolver.
Bem, foi o que fiz. Identifiquei os sentimentos que se repetiam e que me incomodavam e resolvi que não os guardaria mais. Em alguns casos, tive que chamar algumas pessoas para conversas difíceis, dolorosas e até embaraçosas. Em outros, a solução foi me afastar ou até me aproximar mais.
É bem verdade que ainda estou arrumando essa bagunça, um pouco por dia. Mas sabe de uma coisa? A lição mais importante que aprendi é que não dá pra acumular. Incomodou, chateou, não está fluindo? Não guarda. Esclarece, conversa e resolve logo o melhor lugar onde aquilo deve ficar.
E sabe do que mais? É bem boa aquela sensação de casa limpa, organizada e perfumada. Entendeu?

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