“Zé Viu” anda sempre de olho

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

“Zé Viu” anda sempre de olho

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Tenho por hábito folhear jornal velho. Me empolgo com a leitura e me identifico com certos repórteres ou colunistas. A essência, me parece, sempre foi a busca pela verdade factual em detrimento às narrativas abstratas. Me parece, reitero, ser esse o caminho para a sobrevivência do jornalismo. Sobrevivência essencial. Pois nossa democracia ainda depende desse agente regulador para amenizar as injustiças.
E essa importância é histórica. No mundo inteiro. E também na nossa resiliente região. Creio não serem muitos os viventes do Vale do Taquari que conheceram “Zé Viu”. Eu o descobri faz poucos dias, por acaso, nas prateleiras da biblioteca municipal de Lajeado. Tenho um cantinho favorito naquele local. Fica no segundo andar, quase junto ao acanhado Arquivo Histórico.
Lá estão os jornais velhos. Uma documentação quase completa sobre a nossa própria história. A prova concreta da importância do jornalismo impresso para uma comunidade, para uma região. A certeza absoluta da autoridade dos jornalistas para contar nossos causos, narrar nossas angústias e cobrar nossos direitos perante quem sempre parece estar mais distante da nossa realidade.
Mas bueno. Eu estava falando do “Zé Viu”.
Para lembrar de “Zé Viu”, eu preciso voltar ao ano de 1957. Ao menos foram nessas edições do já extinto jornal Voz do Alto Taquari que eu o encontrei disparando alguns “tiros curtos”. “Zé Viu” era um colunista anônimo e provocador. Questionava alguns problemas sociais, estruturais e, predominantemente, demandas esquecidas pelo poder público.
“Zé Viu” não tinha rosto. Talvez fosse, quem sabe, alguém da própria direção daquele interessante periódico da época. O diretor responsável era Ney Arruda, conhecidíssimo agente de transformação da nossa Lajeado. E o redator-chefe era nada mais nada menos do que Lauro Mathias Müller, talvez o maior agente de comunicação que o Vale do Taquari já viu passar.
O jornal onde li pela primeira vez as provocações e questionamentos de “Zé Viu” tem exatos 60 anos. Está com as páginas amareladas. Mas a velhice é insuficiente para apagar a essência. A essência que ainda faz do jornalismo verdadeiro uma potente arma contra a falta de transparência. Contra tudo e contra todos que, do outro lado, lutam pela derrocada da nossa dignidade e da nossa democracia.
Voltando aos nossos tempos, participei – na semana passada – do 12º Congresso Internacional de Jornalismo Investigativo, em São Paulo. Um momento em que pude aprender, diante dos grandes jornalistas nacionais e muitos gringos, que o bom jornalismo pode – e deve – ser praticado em qualquer redação. Seja em Nova Iorque ou em Capitão. Ou na nossa pequena grande Lajeado. Do Oiapoque ao Chuí. Basta andar sempre de olho, tal como andava “Zé Viu”.
O jornalismo é a busca do essencial, sem adereços. Nossa força não pode estar na militância ideológica ou partidária mas, sim, no vigor de persistir sempre em busca da verdade factual e na integridade da opinião, quando essa estiver bem caracterizada dentro do jornal. A credibilidade não se compra. Ela se conquista. E é esse o nosso grande desafio perante você, leitor.


A novela das obras do PAC em Lajeado

O processo envolvendo as obras de pavimentação do PAC II em Lajeado se arrasta na Justiça Federal. O último fato foi o pagamento antecipado de parte dos honorários do engenheiro indicado pela 1ª Vara Federal da Subseção de Lajeado, que terá 90 dias para concluir nova perícia técnica. Os pagamentos ao profissional foram feitos pela Construtora Giovanella, ré na acusação do Ministério Público Federal, cujo procurador aponta superfaturamento de R$ 2 milhões.
Apesar da polêmica, a juíza federal manteve o mesmo perito e desconsiderou qualquer ilicitude no adiantamento dos honorários por parte da construtora. Em novo despacho, a magistrada cita que “diante das conclusões e ponderações, não se justifica a devolução da metade do valor dos honorários periciais pelo perito”, e que tal situação “não teve o condão de derrogar a imparcialidade do auxiliar do Juízo”.


Sorvete para todos os gostos e bolsos

Inicia hoje e encerra nesta sexta-feira a Jornada dos Sorvetes, em Lajeado. O evento é realizado no qualificado espaço do Weiand Turis Hotel. A organização anuncia 30 expositores e aguarda a visita de pelo menos 200 fabricantes durante os dois dias de evento. A coordenação é, mais uma vez, da atuante Associação Gaúcha das Indústrias de Gelados Comestíveis (Agagel).
Os lajeadenses consomem cerca de R$ 5 milhões por ano em sorvete, conforme estimativas de vendas de potes do produto. Além das maiores indústrias locais, há também as pequenas que auxiliam na criação de mais de 100 empregos diretos. No ano passado, só três vereadores de Lajeado foram prestigiar o encontro. Este ano, todos são aguardados!


Ex-ministra no governo de Lajeado

O prefeito Marcelo Caumo confirmou a contratação de um serviço de consultoria para a área da educação. O objeto do contrato, firmado sem processo licitatório, são “ações visando a ampliação de vagas em Educação Infantil, criação do Plano Diretor de Educação e análise da qualidade dos gastos públicos municipais”.
A consultoria custará R$ 190 mil e será coordenada pela ex-ministra de Administração e Reforma do Estado no governo de Fernando Henrique Cardoso, Cláudia Costin. Formada em Administração Pública, com mestrado em Economia Aplicada à Administração, ela não é bem-vista por setores da esquerda, pois defenderia “políticas que desconsideravam o histórico educacional.”


Tiro curto

– Em Lajeado, o Executivo ainda estuda licitar os serviços de abastecimento de água em determinados bairros. Para tal, uma cooperativa deve ser criada em breve;
– Em 2016, o maior lucro líquido de uma empresa de mídia (TV aberta, paga, cinema, rádio, jornal, revistas, etc) brasileira, sem contar a Globo, foi da Record: R$ 227 milhões. A Globo perdeu lucro líquido. Em 2015, foi de R$ 3 bilhões e, em 2016, caiu para R$ 2 bilhões.
– Leitores atentos alertam para o excesso de árvores cortadas na área central de Lajeado. Problema antigo, e com poucos defensores dentro do poder público, infelizmente;
– Recepcionista do Departamento de Agricultura de Lajeado avisa: comerciantes estariam colocando entulhos e lixo sobre as recém-plantadas flores nos canteiros da av. Alberto Pasqualini. Fica o registro!
– Olha que legal: está agendado para o dia 9 de setembro, um sábado, o 6º Encontro do Sapato de Pau. O evento ocorre no Esporte Clube Juventude, de Linha Berlim, em Westfália, 12 anos após a última edição. A comissão organizadora é liderada pelo Grupo Amigos do Sapato de Pau e busca valorizar a cultura trazida pelos imigrantes alemães;
– Poucos sabem: uma moradora de rua de Lajeado, chamada Júlia, teve parte do corpo queimado em um incidente no centro de Lajeado;
– O povo está de olho e este colunista também: desempenhar os cargos de servidor público concursado e vereador ao mesmo tempo gera benefícios. Entre esses, arrecadação de votos em troca de serviços. Quais serviços? Horas máquinas, por exemplo.
Boa quinta-feira a todos!

Sem jornalismo não há revolução.
Juahrez Alvez

 
 

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