O avanço do crime assusta a região

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

O avanço do crime assusta a região

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A sensação de insegurança alcança índice assustador. A ausência do Estado de direito é tamanha que a bandidagem manda e desmanda dentro e fora dos presídios. Insuficientes e com armas inferiores, soldados civis e militares também viram alvos. Onde vamos parar?
Policiais acabam mortos, como na madrugada de sexta-feira, em Porto Alegre, quando Rodrigo Wilsen da Silveira foi vitimado em um tiroteio. Ou então, feitos reféns, como nessa segunda-feira, durante resgate de presidiário na UPA em Lajeado, quando o agente penitenciário Fábio Rosso foi levado pelos bandidos e solto horas depois em Taquari.
A pacacidade costumeira de poucos anos atrás, em cidades como Lajeado, é substituída pela ousadia e desfaçatez dos criminosos. Bandos e quadrilhas agem sem reação efetiva das polícias. A impotência do cidadão é a mesma da polícia.
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Rápido exercício de memória permite lembrar que, há poucos anos, tínhamos em Lajeado cerca de 20 soldados do BOE (Batalhão de Operações Especiais). Hoje, estão reduzidos a quase zero e vê-los na rua é como ganhar na loteria. Na Brigada Militar e Polícia Civil, não é diferente. Faltam soldados por toda a parte para todos os serviços. E o Estado, falido, quebrado e mal administrado, não reage. Assiste e nos deixa com a certeza catastrófica: as coisas tendem a piorar.
Cezar Shirmer é um incapaz – e quem sabe até, inútil – secretário de Segurança Pública. Vê atrocidades diárias nas ruas e cidades gaúchas, mas não contra-ataca. Parece algemado. Quando invocado para tomar medidas, não encontra saídas diante do Estado mergulhado em dívidas decorrentes de sucessivas gestões incompetentes. Incrivelmente, uma das federações com as maiores taxas tributárias do país não tem dinheiro. Ou melhor, diz que não.
O resultado da inoperância do Estado está no cotidiano diário e nas páginas dos jornais, infelizmente. Uma das maiores facções criminosas do RS toma conta do tráfico em Lajeado, como mostrou reportagem do A Hora no fim de semana. Criam estado paralelo e ditam a “regra do jogo”.
Numa clara inversão de valores e de sentidos, se pintam como “aliados da sociedade”, enquanto não passam de bandos e quadrilhas que nada têm de “organizações criminosas”, como acabam classificados. Afinal, para ser organização precisa ter o preceito legal, coisa que facção em nenhum lugar do mundo carrega. São bandos que deveriam ser combatidos pelos órgãos de segurança, mas se fortalecem e perpetuam em meio às mazelas sociais e políticas.


É hoje

Taquari está em festa a partir das 18 de hoje. O parque municipal recebe a 17ª edição da ExpoTaquari. Há algo invulgar sobre a festa deste ano. Não tem qualquer aporte financeiro do município e 20% de todo valor arrecadado na bilheteria reverte para o hospital local.


É amanhã

Santa Clara do Sul lança projeto inédito voltado para a produção de orgânicos. Evento ocorre amanhã à noite, no Clube Centro de Reservistas, e se espelha no projeto das flores.


Procuro respostas

Continuo espantado. Desde domingo depois do meio-dia, quando soube da tragédia no bairro Conventos, procuro respostas e explicações sobre o pai que matou a filha. Quanto mais penso e reflito, menos consigo entender o que levou o jovem Rodrigo Marciano Brauwers, 29, a matar Micaela – pasmem, sufocando-a na cama e depois enforcando-a – para, em seguida, suicidar-se.
Talvez o fato de Micaela ter idade próxima à do meu filho Vicente me deixe mais incapaz de digerir o fato. Mas não é só isso. O caso toca cada um. Imaginar aquele anjinho indefeso, de 3 anos, sendo sufocado por um cobertor e depois enforcado é demais para uma mente sã.
A sociedade está adoecendo mentalmente, alertam estudiosos, filósofos e antropólogos. As famílias estão perdendo o sentido e os valores, acrescentam psicólogos e psiquiatras. Impossível atestar a razão que levou Brauwers a transformar Micaela numa estrelinha do céu, mas é o suficiente para questionarmos o comportamento humano social e para onde está caminhando – ou regredindo – a humanidade.


Jornalismo investigativo

2017_28_6_Anderson-Lopes_repórter-MartiniA investigação é um dos papéis fundamentais do jornalismo. Sempre foi. Cavocar, fiscalizar, desconfiar. Confirmar fatos e atos e encontrar a verdade. Depois, compartilhar com os seus leitores, sem ter medo da notícia.
O A Hora acredita que o jornalismo investigativo é um serviço relevante que uma empresa de comunicação presta à sociedade. Nossa política editorial incentiva jornalistas a investigar tudo aquilo que cheira a falcatrua, desvio ou maldade. Essa, também, é nossa missão.
A partir de amanhã, ocorre em São Paulo o principal evento do país voltado para o jornalismo investigativo. O colega colunista e repórter, Rodrigo Martini, 35, participa do 12º Congresso Brasileiro de Jornalismo Investigativo, entre 29 de junho e 1º de julho. Profissionais e especialistas de todo o Brasil se reúnem em três dias de painéis. Além de produzir notícias e reportagens sobre o evento, o A Hora busca se qualificar e profissionalizar cada vez mais nesse meio, para que nossos leitores recebam conteúdo cada vez melhor, mais bem apurado e produzido.


Debate sobre o leite

Discussão imprescindível sobre os rumos das cadeia leiteira está marcada para o dia 13 de julho, às 8h30min. Entre as presenças, o secretário estadual da Agricultura, Ernani Polo, além de representantes das cooperativas, indústrias de laticínios, sindicatos, produtores e Codevat. O painel ocorre no Tecnovates e integra o ciclo de debates do Projeto Pensar o Vale, promovido pelo A Hora.

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