O V-13 é de quem se arrisca

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

O V-13 é de quem se arrisca

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Fechou o V-13. Essa é a notícia aterrorizadora para o turismo no Vale do Taquari. Apesar da certeza de que não há como impedir o acesso de turistas aos trilhos do viaduto, e tampouco ao restante da Ferrovia do Trigo, a proibição oficial reiterada pela empresa gera constrangimento. Apreciar aquele belo local não poderia virar sinônimo de contravenção. É um duro golpe.
Há riscos? Claro. Encarar um trem em meio ao túnel e não encontrar as rústicas casamatas escondidas naquele breu todo é um risco. Tal como se deparar com a locomotiva sobre o viaduto de 143 metros de altura, ficando imóvel sobre um pequeno espaço de dois metros quadrados e um parapeito não superior a um. É arriscado.
Mas o V-13 não é o único viaduto utilizado por turistas. Caminhar pelo Mula-Preta – ou viaduto 11 – em Dois Lajeados é muito mais perigoso e emocionante. Não há muretas. Por vezes, não há “chão” a não ser potentes vigas de madeira separadas por espaços de até 30 centímetros, por onde é possível vislumbrar as árvores lá embaixo, a quase 90 metros de altura. Se tropeçar e cair, morre.
Como o perigo não está só no V-13, os riscos não podem ser diagnosticados como mera “falta de estrutura”. A ferrovia é um espaço quase natural, histórico. São quilômetros e quilômetros de trilhos. Todos de fácil acesso. Um patrimônio cultural erguido pelos bravos soldados, engenheiros e arquitetos do Exército e inaugurado em 1979. Quanto menos mexer, mais bonito fica. É assim pelo mundo afora.
Lembro quando fui a Machu Picchu, em 2008. Na cidade inca peruana, existe um pico chamado Ponte Inca, onde turistas caminham com o corpo quase grudado a uma imponente parede de rocha. É instinto, creio. E medo. A trilha tem pouco mais de meio metro de largura. Do lado inverso ao paredão, um precipício. Se tropeçar e cair, morre.
Alguns já morreram caindo daquele local. Mas o pico está sempre cheio de turistas encarando a morte. E a única limitação é o limite diário de pessoas que podem se arriscar.
Percebem? O risco é inerente ao ser humano. Mesmo para quem não é lá muito chegado ao medo. E o risco está, muitas vezes, relacionado ao turismo de aventura. Enfrentá-lo exige perícia. E a perícia é algo pessoal. Cada um conhece os próprios limites. De medo e de coragem. Ao Estado, resta informar sobre os riscos e criar mecanismos para evitar o pior.
Estabelecer horários para visitas ao V-13, instalar dispositivos sonoros e luminosos para avisar os desavisados dentro dos túneis ou tentar apenas limitar o número de visitantes são sugestões. Mas nenhuma dessas seria suficiente, imagino, para livrar Estado e empresas de uma punição poderosa em caso de tragédia. É aí que mora o “X” da questão.
Ainda acho que simplesmente proibir a entrada é lutar contra o instinto corajoso do ser humano. Me parece inútil. Sempre foi proibido, e isso sequer evitou a ilegalidade da exploração comercial no local. Mas, como todo risco é um prenúncio de tragédia, não há qualquer injustiça por parte da concessionária responsável pela malha ferroviária em tentar impedir o acesso aos trilhos.
Afinal, será a empresa a principal culpada caso alguém tropece, caia e morra. Alguém tem que ser o culpado, sempre. Mesmo que esteja claro, de antemão, que o V-13 é de quem se arrisca.


“Nova” velha política

Nada é mais politiqueiro do que usar a máquina pública para benefício do partido. Foi isso que a vereadora de Lajeado, Mariela Portz (PSDB), fez. Recebi o convite para a convenção regional dos tucanos. No texto, uma indigesta surpresa: mais informações sobre o evento são repassadas pelo telefone dela na câmara que nós, contribuintes, pagamos. Não creio em má-fé. Mas fica claro que, por ora, não há nada de novo no front.


Tiro curto

– O aluguel – e condomínio – de outra sala no Prédio Work Shop, ex-Geneshopping, que servirá para a Assessoria Jurídica e a Contadoria da câmara de Lajeado custará R$ 900 mensais;
– Também em Lajeado, o prefeito Marcelo Caumo (PP) finaliza tratativas para contratar uma equipe de consultoria formada por profissionais da Fundação Getúlio Vargas. O custo será de R$ 200 mil e o estudo é na área da educação. O Comed já avaliou o contrato;
– Na página da Câmara de Vereadores de Lajeado, no Youtube, apenas 43 pessoas inscritas;
– Em Colinas, uma matéria veiculada na imprensa informava que o Executivo havia recebido um veículo como prêmio pelos belos jardins. Na última sessão da câmara, a farsa caiu. Vereador Airton Lansing (PSDB) prova que o “prêmio” foi empenhado e pago pelo governo;
– A cada dia, surgem novos quebra-molas em Lajeado. Eu não sei quem e como aprovam tais dispositivos sem a presença de um engenheiro de Tráfego no Departamento de Trânsito;
– A abertura do edital de licitação que trará de volta os pedágios na BR-386 deve ocorrer só em 2018. No Vale do Taquari, a cobrança será em Paverama;
– Em Arroio do Meio, cerca de 40 pessoas foram dispensadas após a notícia de que o tradicional Atelier de Calçados Adri está fechando as portas;
– Já em Encantado, vereadores cobram mais participação do prefeito de Muçum no apoio à Associação Mantenedora do Corpo de Bombeiros da Região Alta do Vale do Taquari (Ambravat).

A gente corre o risco de chorar um pouco quando se deixa cativar.
Antoine de Saint-Exupéry

 

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