Desaprovação ao governo Temer reflete descrença na política

Editorial

Desaprovação ao governo Temer reflete descrença na política

A descrença com a classe política traz ainda mais incertezas sobre os rumos do país. As notícias sobre corrupção nas repartições públicas provocam cada vez menos reações. De tão banal, as pessoas perdem o interesse. Abre-se a vala comum e…

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A descrença com a classe política traz ainda mais incertezas sobre os rumos do país. As notícias sobre corrupção nas repartições públicas provocam cada vez menos reações. De tão banal, as pessoas perdem o interesse. Abre-se a vala comum e os eleitores sentenciam: “nenhum político presta.” Um risco.
Essa desmotivação abre espaço para extremismos. Não raro, torna-se argumento para discursos reacionários. Hoje não faltam pessoas defendendo a volta dos militares, ou tentando encontrar um salvador da pátria. Alguém para retomar a moral e os bons costumes. Nesse aspecto, não interessa a inclinação ideológica, se de esquerda ou direita.
O momento político nacional beira o insustentável. Uma guerra fria entre instituições. Judiciário, Legislativo e Executivo. Todos acompanham de perto qual será a próxima gravação, prova ou delação. Quem será o alvo? Ligações obscuras aparecem em todas as repartições. As dúvidas sobre o futuro da nação antes das eleições de 2018 permeiam o imaginário coletivo.
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Ontem, um novo capítulo. O presidente Temer sentado na cadeira dos réus. Julgamento sobre as contas de campanha da chapa Dilma-Temer apontam para irregularidades na captação de recursos. As investigações capitaneadas pela Operação Lava-Jato aprofundam uma verdade inconveniente. As campanhas políticas no país, em especial para os cargos mais elevados, estão submersas em um manancial de lama. Não há espaço para o bem público. O objetivo é manter o poder, seja nas cadeiras de Brasília, ou garantir benefícios aos empresários desonestos.
Para tornar o ambiente ainda mais hostil ao presidente Temer, a Vox Populi apresentou pesquisa sobre a popularidade do peemedebista. A aprovação do governo está em 3%, a menor já contabilizada para um presidente desde a redemocratização. Dos entrevistados, apenas 8% são contrários à cassação. No caso de cassação ou renúncia, 89% querem eleições diretas para substituir o presidente.
A avaliação negativa foi unânime pelo país. Independente da classe social, idade e gênero. As entrevistas foram feitas em 118 cidades, em todos os estados, nas capitais, regiões metropolitanas e no interior.
Com uma popularidade mais baixa do que a de Dilma Rousseff no pré-impeachment, Temer ainda persiste com as propostas das reformas. Como já dito neste espaço, é fundamental haver uma reestruturação nas normas trabalhista e previdenciária. É necessário para a sobrevivência do país. Mas da forma com que foram conduzidas, por um presidente envolto em suspeitas de corrupção, surgem dúvidas quanto à elaboração desses projetos de lei. Hoje Temer não tem legitimidade para defender tais reformas.

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