Um tapa na cara do contribuinte

Opinião

Rodrigo Martini

Rodrigo Martini

Jornalista

Coluna aborda os bastidores da política regional e discussão de temas polêmicos

Um tapa na cara do contribuinte

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Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A cada licitação, uma nova revelação sobre os altos gastos do governo anterior de Lajeado. Desta vez, o pregão veio para corroborar aquilo que tantas vezes o jornal A Hora questionou: os contratos da Mecanicapina. Com um novo acordo para a capina mecanizada, o Executivo pagará 50% a menos em relação aos valores destinados à empresa investigada pelo MP. Não faltaram avisos!
O descalabre salta aos olhos. A grosso modo, afirmo que o novo contrato vai gerar uma economia anual de R$ 1,1 milhão aos cofres do município. O cálculo é simples: antes do pregão dessa segunda-feira, o governo pagava R$ 1,84 por metro linear de capina mecanizada e pintura de meio- fio, valor acordado pela gestão anterior. Após o pregão, o custo por metro será de R$ 0,97.
Se a diferença de 0,87 centavos ainda lhe parece pouco, multiplique pelo 1,2 milhão de metros lineares previsto no edital de licitação. Exatamente, caro leitor. O município pagaria R$ 2,2 milhões se mantivesse o acordo antigo, mas deverá pagar R$ 1,1 milhão por ano com o novo contrato. Uma economia, vale ressaltar, que só terá ganho real se tal serviço for amplamente fiscalizado, claro.
Mas repito: já é uma economia de R$ 1,1 milhão. É o preço de uma creche para quase 150 crianças carentes. É o custo de um novo – e modesto – posto de saúde. É o valor necessário para custear mais médicos, professores, educadores e afins. É o montante necessário para qualificar a imensa lista de serviços públicos exigidos pelo contribuinte.
Foram três anos pagando por um valor altamente inflacionado. Pior, altamente balizado pelo próprio gestor. Foram três anos em que o jornal A Hora avisou, por diversas vezes, sobre várias incongruências e desconfianças que sombreavam a tal empresa. Não foi à toa. Óbvio que não. Para chegar nessa conclusão antecipada, bastava se informar um pouquinho. Só um pouquinho.
Bastava aos vereadores da época – especialmente àqueles que só agora resolveram cobrar moralidade no poder público – uma breve pesquisa sobre os contratos anteriores para serviços de capina mecanizada. Está tudo disposto no site da prefeitura. Mas, como muitos se perpetuarão na preguiça ou na cumplicidade, eu resumo.
Em 2010 o preço do metro linear pago pelo governo municipal era de R$ 0,49. Em junho de 2011, foi reajustado para R$ 0,50. Em 2012, o custo por metro pulou para R$ 0,54. Já no edital de 2014, avalizado pelos “atentos” parlamentares lajeadenses, o preço do serviço aumentou para R$ 1,58. Quase 200% de reajuste!
Diante da inércia inicial do Ministério Público local, dos vereadores – oposição e situação –, e de parte da mídia regional, restou ao A Hora ser o chato da história. Ser o jornal “perseguidor” do ex-prefeito e seus correligionários. Hoje, ao perceber que os valores, enfim, estão voltando a um padrão decente, o sentimento é de plena satisfação: estávamos certos.
Mas o simples fato de os valores voltarem a um patamar decente é pouco. Vale lembrar que, após o Ministério Público Estadual iniciar uma intensa investigação sobre fraudes em processos licitatórios de Lajeado, a promotoria local, enfim, resolveu agir e ajuizou ação contra a empresa. Cobrava, ainda em 2015, a devolução de R$ 4,7 milhões aos nossos cofres. E nós queremos esse dinheiro. Corrigido!
Esse dinheiro é nosso. Ele é do contribuinte. Nós precisamos desses recursos para construir creches, postos de saúde e para pavimentar ruas. Queremos esses valores para pagar médicos, policiais e professores. O dinheiro é nosso. E que este tapa na cara sirva de lição para quem fugiu do compromisso de fiscalizar!


Fogo em Brasília

Se a greve geral convocada em abril não surtiu efeito, as manifestações de ontem prometem mudanças. Pelo menos dois prédios de ministérios foram parcialmente incendiados. Há riscos de mortos entre os feridos. Há manifestantes decepados pelo poder dos rojões. E há, também, o decreto de Michel Temer autorizando o emprego das Forças Armadas para garantia da lei e da ordem.


Torrando dinheiro público em Teutônia

Que a câmara de Teutônia está sempre encabeçando as listas das que mais torram dinheiro do contribuinte não é novidade. Mas chama a atenção a rapidez com que os nobres parlamentares teutonienses agilizam essa gastança. Só até a segunda semana de março, cinco deles já haviam gasto mais de R$ 2 mil cada um com viagens despretensiosas até Brasília.
A única notícia no site da câmara é uma foto dos vereadores Marcos Quadros, Cleudori Paniz e Aline Röhrig Kohl com o ministro do Trabalho, Ronaldo Nogueira. Lá, eles “apresentaram demandas do município e manifestaram a representação da região diante da Reforma da Previdência”. Claudiomir de Souza e Hélio Brandão são os outros que já passearam em 2017.


R$ 1,1 milhão em diárias na Assembleia gaúcha

Conforme o Portal da Transparência, em 2016, os 55 deputados estaduais gastaram R$ 1,1 milhão com diárias. Nesse emaranhado de recurso público, bons exemplos. Teve parlamentar gastando, em 12 meses, menos do que vereador teutoniense já gastou em três. É o caso de Pedro Ruas, do PSOL, que durante todo o ano passado requisitou apenas R$ 372,39 em diárias.
Do Vale do Taquari, Enio Bacci (PDT) gastou pouco, se comparado com a maioria dos colegas. Foram R$ 4,9 mil em 12 meses, valor referente a cinco diárias e meia. O campeão dos campeões é Pedro Pereira, do PSDB de Canguçu. Ele recebeu R$ 55,7 mil só em ressarcimentos por viagens – uma delas para a Índia. Praticamente um salário extra de R$ 4,6 mil por mês.


Tiro curto

– Compromisso: o secretário da Fazenda de Lajeado, Guilherme Cé, garante que o governo não implantará turno único nos serviços públicos. Na gestão passada, tais medidas foram adotadas quatro vezes e a economia nunca foi divulgada;
– Na terça-feira, o prefeito de Estrela, Carlos Rafael Mallmann, presidente da Amvat, será empossado como 1º secretário da Federação das Associações de Municípios do RS, a Famurs. No ano que vem, é o PMDB quem decide a presidência. Ele está se articulando;
– Pastor José Alves, atual vereador licenciado e secretário da Sedesth, em Estrela, será candidato a deputado estadual pelo PTB;
– Senador Lasier Martins (PSD) está cada vez mais próximo do governo de Lajeado. No último encontro com o prefeito, Marcelo Caumo, a intermediação foi do consultor empresarial, André Arnt;
– Em Lajeado, Eliana Heberle deve assumir a presidência do Partido Progressista (PP);
– A prefeitura de Colinas pode ser condenada a pagar quase R$ 990 mil para uma empresa de “advogados associados”. Segundo fontes, um dos profissionais dessa empresa já atuou no serviço público daquele município;
– Estavam presentes na Marcha dos Prefeitos, em Brasília, os chefes dos Executivos de Santa Clara do Sul, Progresso, Encantado, Teutônia, Arroio do Meio, Fazenda Vilanova, Cruzeiro do Sul e Estrela. Parabéns a todos que decidiram não ir e optaram por manter o foco no próprio município. E desconfie de quem tanto elogia essas viagens. Boa quinta-feira a todos!

“A história é um enorme sistema de aviso prévio” – Normam Cousins

 

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