Hoppe aceita cargo, e PT avalia exclusão

Lajeado

Hoppe aceita cargo, e PT avalia exclusão

Apesar de ser da oposição, suplente de vereador assumiu posto no governo PP

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Hoppe aceita cargo, e PT avalia exclusão
Lajeado

O Partido dos Trabalhadores (PT) analisa se o suplente de vereador, Heitor Hoppe, continuará fazendo parte da sigla. Na semana passada, ele assumiu o cargo de coordenador da Defesa Civil, a convite da oposição.

“Não concordamos com isso. Até porque, historicamente, o PP sempre foi nosso adversário político”, ressalta o presidente municipal do PT, Carlos André Nunes. Ele afirma que, nos próximos dias, o partido convocará uma reunião com as comissões Executiva, e de Ética, para tratar da atitude do primeiro suplente de vereador.

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“Antes, até tivemos uma conversa informal, mas nada foi oficializado. Agora, pretendemos falar com os responsáveis pelo partido, inclusive com ele, para tomar uma decisão. De fato, foi uma surpresa para nós.”

Nunes atesta que, se Hoppe continuar no cargo, não será mais aceito pelo partido. “Ele sabe o que diz o estatuto. Não tem como aceitar que ele permaneça no PT, trabalhando com o partido de oposição. Mas não é decisão minha, como falei, conversaremos com todos.” Para Nunes, caso ocorra a saída de Hoppe, a cadeira no Legislativo fica com o partido. Eloede Conzatti seria a primeira na linha sucessória.


“Nós podemos fazer um bom trabalho conjunto, mesmo tendo ideologias diferentes”

Hoppe, 54, é filiado ao PT faz mais de 20 anos. Entre 2009 e 2012, foi suplente de vereador. De 2013 a 2016, se elegeu e chegou a ocupar a presidência da câmara por um ano. Agora, voltou à suplência. Com a aposentadoria do Banco do Brasil, onde trabalhou por 34 anos, assumiu a coordenadoria da Defesa Civil. A nomeação ocorreu na semana passada, dia 15.

A Hora – Você está saindo do PT?

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Hoppe – Não. Eu, por estar no Governo de Lajeado, não saí do PT. Continuo filiado. Não foi uma condição minha saída, ou troca de partido, para assumir esse cargo. Continuo no PT, mas não sei do meu futuro partidário. Lógico, hoje creio que nenhum político se encontra tranquilo, seja em qualquer sigla. Ocorreram muitos problemas com o meu partido, assim como estão ocorrendo em outros. Díficil hoje escolher algum partido em que a gente acha que está seguro. Então, assumi esse cargo porque fui convidado pelo secretário Locatelli, pelo que sei ele não tem vínculo partidário. Entendia que nesse setor poderia ser útil à comunidade. Encontrei uma maneira de estar envolvido com a política, e prestando um serviço para a comunidade de Lajeado.

Então, o que lhe fez, como representante do PT, assumir um cargo na gestão do PP, tendo em vista a oposição política entre os partidos?

Hoppe – Eu não tenho essa dificuldade. Tenho trânsito tranquilo e normal. Boas relações com todos os políticos de Lajeado. E eu não gosto desse termo, de fazer oposição. Principalmente essa oposição doentia que alguns políticos fazem. De que, quando estão num partido, tudo que o outro faz está errado. Eu não penso assim. Quando os políticos pensarem diferente, se agregarem, fizerem um trabalho de união, com certeza, a população enxergará de maneira diferente os políticos. Nós podemos fazer um bom trabalho conjunto, mesmo tendo ideologias diferentes. Creio, sim, que posso estar num partido, e prestando serviço no Executivo para outro. O PP está no poder apenas temporariamente. Estou sendo um servidor público. Não estou a serviço do PP. Coloquei isso inclusive às principais lideranças do PT, e eu creio que entenderam meu recado. Informei que estava recebendo várias possibilidades de trabalho, e a melhor opção que encontrei foi aqui.

Não havia ocorrido, então, problemas que lhe levassem a tomar essa atitude? Por você, permanece no PT?

Hoppe – Meu futuro político partidário está indefinido. Eu não me encontro confortável dentro do PT, mas isso não quer dizer que estou assinando minha saída. Eu vou aguardar, tenho tempo para estudar, passos a nível local e nacional, e lá na frente vou verificar o que será melhor. Onde eu posso desempenhar meu papel de representante do povo. Também não posso aderir a um partido cheio de denúncias, e na frente vierem a se comprovarem com punições. Mas não há nada local. Aqui em Lajeado temos ótimos lideranças. Com a minha idade e maturidade, achei que sei o que quero, e o que posso fazer. Não vou também estar amarrado a partido, para apenas estar a trabalho do partido. Quero ser útil à comunidade. Preciso fazer isso onde encontro espaço.

Você chegou a receber alguma proposta de algum partido, para troca? Qual?

Hoppe – Isso é uma questão normal. Em função de que não fui eleito, recebi propostas de quase todos os partidos de Lajeado. Mas não tenho uma definição. Não entrei em negociação de cargo. Recebi sim propostas de cargos, mas não foi por troca partidária. Nenhum momento aceitei essa condição.

Você teme que o partido incorra sobre sua atitude?

Hoppe – Creio que não. Espero que o meu partido entenda minha situação. Acho muito pouco eu ficar como suplente de vereador, assumindo 15, 20 dias por ano. Quero ser protagonista, atuar mais, e aqui eu tenho essa oportunidade. Estou também defendendo o PT. Estou fazendo um trabalho que dá visibilidade para o meu partido. Espero que o meu partido também enxergue dessa maneira. Aqui há uma diferença histórica entre o PP e o PT. Mas em Estrela já estão aliados. Espero compreensão e nenhuma medida mais drástica. Porque, se eu tiver que sair do partido, prefiro sair de livre espontânea vontade, pela porta da frente, assim como entrei.

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