Violência e dupla jornada  prejudicam saúde da mulher

Lajeado

Violência e dupla jornada prejudicam saúde da mulher

Fatores foram apresentados durante conferência ontem na Univates

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Violência e dupla jornada  prejudicam saúde da mulher
Lajeado
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A dupla jornada de trabalho e a sobrecarga de tarefas fazem parte da rotina da mulher. Esses fatores desencadeiam problemas na saúde física e psicológica. A violência doméstica intensifica esse quadro.

Os pontos foram destacados durante a 1ª Conferência Municipal sobre Saúde da Mulher. O evento ocorreu ontem, na Univates, e reuniu 160 participantes. As diretrizes traçadas serão levadas para a conferência estadual, que ocorre em junho, e depois para a nacional.

As atividades iniciaram pela manhã. A abertura ocorreu com a coordenadora de Atenção Básica, Nilse Gemelli Lavall. Ela abordou índices epidemiológicos do município e ressaltou a importância de ampliar debates sobre maternidade, protagonismo durante o parto, métodos contraceptivos e gravidez na adolescência.

Outros aspecto destacado por ela é o protagonismo da mulher no momento do parto. Dados mostram que apenas 30% dos nascimentos ocorrem por parto normal. “Queremos entender por que isso está acontecendo. O obstetra está orientando quanto aos riscos do parto cesariano? Está ocorrendo um diálogo entre paciente e profissional”, questiona.

Segundo ela, o índice de mulheres trabalhadoras, que sofrem acidentes de trabalho, está na mesma faixa etária daquelas vítimas de violência doméstica. “Isso mostra uma relação. Às vezes elas se acidentam em virtude da carga psicológica resultante dos problemas que enfrentam em casa.” Cerca de 50% das vítimas têm de 20 a 39 anos.

A titular da Delegacia Especializada de Atendimento à Mulher de Lajeado, Márcia Bernini, complementou o debate com apresentação de dados sobre violência contra mulher na região. De acordo com ela, a violência afeta a saúde física e, em especial, a psicológica das mulheres.

“Nós fizemos um trabalho de orientação com as profissionais da saúde. A vítima de violência chega primeiro à rede de saúde do que até aos órgãos de segurança. Nesse espaço, ela precisa ser encorajada a buscar ajuda.” Márcia apresentou números relativos a 2016 e aos primeiros quatro meses deste ano.

Segundo ela, o maior índice de violência doméstica na região ocorre em Lajeado. São cerca de mil ocorrências por ano. Em 2017, 140 medidas protetivas estão ativas. Sete feminicídios ocorreram na região. Em abril, Teutônia teve dois casos, Estrela e Pouso Novo, registraram um cada. Lajeado teve um caso em janeiro e dois em fevereiro.

Logo após, a integrante da comissão organizadora da 1ª Conferência Estadual de Saúde das Mulheres e palestrante convidada para o evento, Jussara Cony, expôs a necessidade da continuidade da qualidade do serviço prestado pelo SUS. “Queremos um espaço no qual nossas diferenças não sejam motivos para a discriminação. A saúde é o maior dos nossos valores.”

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Conferência

De acordo com o coordenador da conferência, Marçal Camargo, o evento parte de uma deliberação do Conselho Nacional de Saúde. “Esse é um caminho democrático e legítimo para que possamos estudar e debater algumas questões que fazem parte do cotidiano.”

À tarde, grupos foram divididos para apontar ações em diferentes eixos da saúde da mulher. Após isso, as propostas foram compiladas e definidos os delegados.

Propostas a Conferência Estadual

• Implementar e fortalecer a garantia de acesso à saúde da mulher em todos ciclos de sua vida

• Garantir a elaboração, implementação e efetivação de políticas públicas

• Ampliar e qualificar o atendimento nas Estratégias de Saúde da Família (ESFs)

• Apoio a mulheres em situações de vulnerabilidade social

• Ampliação da licença paternidade

• Fortalecer a Política de Humanização

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