Um socorro em silêncio

Editorial

Um socorro em silêncio

A propagação do jogo Baleia Azul torna o sossego um incômodo. A internet, por muitas vezes, vira uma bengala para os pais. Uma forma de ter horas de descanso, sem preocupação, pois o filho está em casa, jogando no computador…

A propagação do jogo Baleia Azul torna o sossego um incômodo. A internet, por muitas vezes, vira uma bengala para os pais. Uma forma de ter horas de descanso, sem preocupação, pois o filho está em casa, jogando no computador ou conversando com os amigos. Um alívio pois o jovem está sob a “tutela” da família.
Ledo engano. No submundo da rede social, grupos disseminam as desilusões da vida como um sofrimento sem fim. Induzem os jovens a atos perigosos, como uma seita religiosa macabra. Promessas de uma vida melhor no outro lado. Jovens confundem sentimentos. Não distinguem um momento de tristeza e a depressão profunda, mudam de comportamento e seguem por um caminho no qual a dor interna se materializa no corpo e se multiplica quando chega ao conhecimento dos familiares.
Frente ao avanço nos casos de depressão entre crianças e adolescentes, aliado à facilidade de acesso às redes sociais, é fundamental debater limites. A faixa etária que gera mais preocupação é dos 12 aos 16 anos. Jovens com a personalidade em formação. Ainda não sabem das provações da vida. Não entendem que a alegria e o sofrimento fazem parte dessa construção.
Ao mesmo tempo, pais e filhos constroem uma barreira entre eles. Pelos compromissos do cotidiano, os responsáveis postergam ou terceirizam o dever de orientar, educar, apoiar ou cobrar. Já os jovens, no processo de autoconhecimento e da necessidade de saber a qual grupo pertencem, passam a questionar a autoridade familiar. Por vezes, desabonam as tentativas de diálogo com os pais, pois acreditam ser mais “um sermão”.
Apesar das dificuldades, cabe à família a tarefa de educar. Parte daí o dever de controlar o acesso. Que seja em horários pré-definidos. Também é obrigação entender que não é proibindo o uso da internet que se resolve o problema. Na verdade se cria outro, pois atos impositivos costumam ter reações contrárias ao esperado. O resultado pode significar ainda mais afastamento.
Acima de tudo, está dedicar tempo aos filhos. Muito da inconstância emocional se deve à falta de atenção dos pais. É preciso acompanhar a rotina do filho. Conhecer o núcleo do qual ele se relaciona. Entender seus anseios e preocupações. Não subestimar quando o adolescente fala em tristeza. É preciso que ele tenha liberdade dentro do lar ou na escola para tratar desses assuntos. Caso a família não faça isso, desconhecidos tomaram a tarefa para si.

Acompanhe
nossas
redes sociais