Em Lajeado, o governo passado cansou a paciência do contribuinte com as sequências de turno único, as constantes faltas de médicos e as recorrentes desculpas financeiras para problemas diversos. Nesta semana, apenas um contrato – entre tantos – nos mostrou que, talvez, o problema não era bem a “falta de dinheiro”. Mas, sim, o uso inconveniente dos nossos recursos.
Vamos aos fatos. Nada melhor do que isso para evitar retóricas que, por vezes, soam como mera cumplicidade. Até porque, tal como no provérbio português, “contra fatos não há argumentos”.
Em 25 de maio de 2015, o então prefeito de Lajeado firmou contrato para reforma de calçamentos. Acordou em R$ 21 o metro quadrado do serviço com uma empresa lajeadense. Como o acordo previa até 18,5 mil metros quadrados, o município se dispôs a repassar até R$ 395,4 mil do meu, do seu e do nosso dinheiro para os empresários responsáveis.
Menos de duas semanas depois, em 6 de agosto daquele ano, o então prefeito firmou o primeiro aditivo. Com isso, o valor do metro quadrado passou de R$ 21 para R$ 24. Parece pouco. Mas, no conjunto da obra, o contrato passou a valer até R$ 445,6 mil. Ou seja, R$ 50 mil a mais do meu, do seu e do nosso dinheiro.
O contrato foi reajustado um ano depois, em 22 de agosto de 2016. O metro quadrado subiu de R$ 24 para os atuais R$ 26,24. São todos procedimentos corriqueiros dentro da administração pública, eu sei. E todos esses dados estão disponíveis no site da transparência, insisto. Mas o “X” da questão, aqui, é quanto do meu, do seu e do nosso dinheiro precisaria – de fato – ser gasto.
E a resposta enfim veio à tona na manhã dessa terça-feira, na Sala de Licitações da prefeitura. Lá dentro, empresários disputavam o novo edital lançado pelo governo para os serviços de reforma e manutenção do calçamento público. Exigindo o mesmo número de funcionários, o governo foi surpreendido por propostas bem abaixo do valor pago entre 2015 e 2017.
O último e vencedor lance ficou em R$ 14,35 por metro quadrado de serviço. Quase metade do valor anterior. Apesar disso, os defensores de quem gosta de torrar o nosso dinheiro poderiam dizer: Mas a empresa que venceu esse novo edital será capaz de fazer por esse valor?
É justo que se pense assim, e é necessário fiscalizá-la com afinco. Mas não há como explicar o fato de a empresa anterior – que durante o governo do PT cobrava R$ 26,24 pelo metro quadrado – ter apresentado proposta para fazer o mesmo serviço, com o mesmo número de funcionários, por apenas R$ 15,37 o metro quadrado. Isso está registrado na ata do processo licitatório.
Eu repito: para realizar serviços de manutenção em calçamentos públicos, a empresa contratada pelo PT cobrava R$ 26,24 o metro quadrado e, nessa terça-feira, essa mesma empresa apresentou proposta para fazer o mesmo serviço por R$ 15,37 o metro quadrado. É estranha essa deflação diante da crise que assola o país. No mínimo, estranha.
Para alguns, esses R$ 10,87 de diferença parecem uma bagatela diante de um orçamento municipal que ultrapassa a cifra de R$ 300 milhões. Mas, como o novo contrato prevê até 30 mil metros quadrados, a diferença chega a R$ 326,1 mil. Ainda acham pouco?
Estariam os empresários dispostos a perder dinheiro em oferecimento ao bem-estar de toda a população, ou o serviço corre risco de ser mal executado diante de tamanha deflação? Quem sou eu para responder isso. Cabe ao contribuinte – e quem sabe ao Ministério Público – fiscalizar melhor.
Arte na Universidade é na semana que vem
A primeira edição do Arte na Universidade está confirmada para o dia 27, na Univates. Serão mais de 25 atividades ligadas à arte, todas desenvolvidas por professores e alunos do centro universitário ou por artistas da região. O evento marca o início da área de Artes na instituição e ocorre por meio de workshops, palestras, saraus, caminhadas, apresentações e intervenções.
De acordo com o coordenador da área de Artes, o professor Leonel de Oliveira, a iniciativa tem como objetivo a visibilidade do setor, assim como a valorização da arte na formação dos alunos. Segundo ele, as atividades podem marcar a abertura a outras experiências em todo o câmpus, não só em salas de aula, mas nos espaços tidos como incomuns ao ensino.
Supermercado Imec entre os cinco maiores
Um dos principais termômetros da economia gaúcha mostrou sinais de retomada em 2016, na comparação com o ano anterior. Ontem, a Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) divulgou o Ranking Agas 2016, com as 252 maiores companhias gaúchas do setor. Segundo a pesquisa, o faturamento bruto de todas chegou a R$ 28,7 bilhões, um crescimento de 9,7% em relação a 2015.
O Supermercado Imec ficou na quinta posição geral do ranking. Conforme a Agas, a rede com matriz em Lajeado faturou R$ 542,6 milhões bruto em 2016. São 21 lojas, com 185 caixas e 1.947 funcionários. O Imec ficou atrás da Wallmart, com faturamento de R$ 5,5 bilhões; Companhia Zaffari, R$ 4,9 bilhões; Supper Rissul, R$ 1,3 bilhões; e Asun Supermercados, R$ 553,5 milhões.
Grafite em Lajeado
Neste domingo, vai rolar o 2º Encontro de Grafite de Lajeado. O evento ocorre no muro de fundos da Escola Estadual Fernandes Vieira, no centro. O tema é Educação Criativa, em comemoração aos 90 anos do colégio. Diversos artistas da região já foram convidados. O evento inicia às 9h e vai até o fim da tarde. A entrada é gratuita. Na organização, a multifacetada Nanda Tavares.
Tiro Curto
– Viralizou a foto de um carro da prefeitura de Estrela estacionado de forma irregular no centro. O veículo era conduzido pelo servidor público, Paulo Scheren, ex-vereador e ex-secretário do município;
– Na segunda-feira, também em Estrela, começaram a trabalhar na Secretaria de Obras mais dois CCs. Um como coordenador da Equipe de Limpeza do Parcão, outro como coordenador da Equipe dos Pedreiros. Segundo informações, eles seriam sogro e irmão de vereadores da base do governo;
– O repasse do Fundo de Participação dos Municípios (FPM) referente ao segundo decêndio de abril de 2017 totaliza R$ 867,4 milhões em todo o país. Descontada a dedução do Fundeb, sobram R$ 693,9 milhões. Os valores serão repassados ainda hoje;
– A Polícia Federal sequestra R$ 3 milhões em bens do ex-diretor do Daer por corrupção. José Francisco Fogaça Thormann teria recebido recursos ilícitos por uma empresa de fachada por obras lançadas pelo órgão estadual e pelo Dnit. E nós aqui, questionando o porquê de tanto atraso e falta de recursos;
– Não li, ouvi ou vi pessoas chamando de “vagabundos” ou “baderneiros” os policiais que invadiram o Congresso na terça-feira para protestar contra a Reforma da Previdência. Que bom. Que assim seja com os demais manifestantes que, de forma justa, lutam por direitos. Uma boa quinta-feira a todos!