O tsunami de Fachin e  os efeitos sobre o Brasil

Editorial

O tsunami de Fachin e os efeitos sobre o Brasil

Os bastidores da política nacional estremeceram com a abertura da investigação de 98 agentes públicos. A lista do relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, coloca o alto escalão da política nacional sob graves suspeitas. Oito…

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Os bastidores da política nacional estremeceram com a abertura da investigação de 98 agentes públicos. A lista do relator da Lava-Jato no Supremo Tribunal Federal (STF), ministro Edson Fachin, coloca o alto escalão da política nacional sob graves suspeitas. Oito ministros do governo Temer, 29 senadores, 42 deputados estaduais, incluindo os presidentes do Congresso, integram a relação.
Assim que os nomes foram divulgados, na terça-feira à tarde, os deputados citados deixaram a Câmara em meio à votação do projeto sobre as dívidas dos estados. No Senado, um silêncio constrangedor, como se nenhum dos suspeitos soubesse da bomba que acabara de estourar.
As denúncias se basearam na delação dos executivos da Odebrecht. A maioria das acusações circunda o tradicional caixa 2 das campanhas eleitorais. Trata-se de dinheiro recebido – ou doado – de empresas, no caso a Odebrecht para patrocinar candidatos em disputa eleitoral, sem que haja prestação de contas. Crime e corrupção explícita.
O rombo será grande na agenda política e na sequência dos processos em andamento na capital federal. No Congresso, 29 dos 81 senadores estão citados, enquanto 42 de 513 deputados estão com a corda no pescoço. Discussões delicadas, mas imprescindíveis, como as reformas da Previdência e a trabalhista, poderão ser afetadas e até paralisadas, o que representaria uma perda democrática e institucional muito grande ao país.
O efeito político da decisão de Fachin também se alastrará. Deve ser, diante do histórico recente, maior do que os resultados judiciais. A usual demora processual de cortes superiores deverá arrastar a investigação por anos, quando muitos dos crimes imputados aos políticos estarão prescritos. Como se sabe, da primeira “lista de Janot”, pouco ou nada aconteceu em dois anos. Por outro lado, do ponto de vista eleitoral, de efeito imediato sobre carreiras, o estrago estará feito para quem virar réu e tinha pretensão de concorrer a algum cargo em 2018.
Cabe destacar que a averiguação aberta aos 98 agentes públicos não lhes confere culpa. Agora, investigadores precisam juntar provas para materializar as suspeitas levantadas para dar seguimento ou, então, arquivar os processos. Até lá, a sociedade espera apuração rigorosa das suspeitas e a punição exemplar de todos os envolvidos com a corrupção. Ao mesmo tempo, a população também quer e precisa a manutenção da governabilidade para evitar o recrudescimento da crise econômica que já dava sinais de recuperação.
O impacto político das denúncias não pode – e nem deve – esmorecer a pauta econômica, pois tão importante quanto a faxina política são a retomada do crescimento e a recuperação dos milhões de postos de trabalho extintos nos últimos anos. Que a Justiça continue cumprindo seu papel e devolvendo ao povo brasileiro a esperança de que um país mais limpo haverá de emergir deste tsunami chamado Lava-Jato.

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