“Menos Brasília, mais Brasil”

Opinião

Fernando Weiss

Fernando Weiss

Diretor de Mercado e Estratégia do Grupo A Hora

Coluna aborda política e cotidiano sob um olhar crítico e abrangente

“Menos Brasília, mais Brasil”

Por

Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

A frase que dá título a este comentário é de Eduardo Gianetti Fonseca, economista, e sobremaneira, realista e crítico ao modelo de gestão pública nacional. Pela segunda vez em menos de um ano, tenho o privilégio de acompanhar palestra de Gianetti, que marca pelas posições firmes, sensatas e coerentes.
Nessa segunda-feira, esteve entre a qualificada lista de palestrantes do 30º Fórum da Liberdade, em Porto Alegre. Um baita fórum, por sinal. Gianetti manteve um discurso intermediário entre o ufanismo marqueteiro de João Dória, prefeito de São Paulo, e o pessimismo aparente de Pedro Malan, ex-ministro da Fazenda.
Em São Paulo, no ano passado, quando a Folha comemorou 90 anos com círculo de palestras, Gianetti falou que “o dinheiro do país vai passear em Brasília, se acostuma mal e esquece de voltar”. Na capital gaúcha, reforçou, “Menos Brasília, mais Brasil”. O economista defende a retirada de poder do governo central para aumentar a autonomia do governo local, especialmente dos municípios. E fala com convicção: “Brasília é uma ilha, um mundo à parte, máquina de leis e de fraudes que corroem a maior fatia dos tributos dos brasileiros. Tem algo de profundamente errado nas contas públicas.”

Dória, o messias

O prestígio e a admiração ao prefeito de São Paulo justificam a razão pela qual venceu as eleições em inédito primeiro turno na maior cidade do país. Dória representa o novo da política. Aquela coisa de discurso decorado, repetitivo e mais do mesmo, não cola nele. Como dizemos por aqui, ‘ele vai no rim’. Mas ignora o fígado.
Veio a Porto Alegre com glamour de galã de novela ou cinema. Foi aplaudido em vários momentos durante sua fala, mesmo diante de generalizações confusas e ideias excludentes. “O país não pode ser uma república sindical, com todo o respeito aos sindicatos. Chega! É preciso mudar. Fica aqui a convocação. Mexam-se! Quem vai salvar o Brasil somos nós, os brasileiros de bem”.
Dória tem razão. Quatorze mil sindicatos são demais. É um exagero que faz muito mal ao país e precisa ser combatido. Por outro lado, faltou Dória explicar quem são, para ele próprio, “os brasileiros de bem”. O alto escalão do seu partido, o PSDB, está enlameado até a alma na Operação Lava-Jato e não pode, em hipótese alguma, compor o time do bem. A não ser, se for para o próprio bem.
O momento político e institucional do Brasil abre brecha para o surgimento de um messias, um salvador da pátria. Lembram de Lula? E no que deu? Dória se pinta parecido – guardando as diferenças técnicas, comportamentais e ideológicas entre ambos – nega candidatura em 2018, mas adota discurso de candidato.
Diante de tamanhas incertezas políticas e econômicas que assolam o Brasil, alimentar a esperança quanto à chegada de um messias só piora o cenário. Fiquemos atentos ao oportunismo e ao discurso ufanista e marqueteiro para não ignorarmos as reformas imprescindíveis que precisam ser cobradas na administração pública. Portanto, mais Gianetti, e menos messias.


Três só do PT

Ao passo que o vereador Sérgio Kniphoff e o ex-prefeito Luís Fernando Schmidt, ambos do PT de Lajeado, aparecem como fortes pré-candidatos a deputado estadual em 2018, o nome do prefeito de Taquari também entra no páreo. Emanuel Hassen de Jesus, o “Maneco”, não descarta concorrer à Assembleia Legislativa no próximo ano.
Todos os demais partidos com maior expressão – PP, PSDB, PMDB e PDT – terão concorrentes na eleição estadual. Diante disso, dá para projetar um exagero de nomes, dos quais, poucos ou nenhum, mais uma vez, conseguirá a votação suficiente. Mas, como sabemos, o propósito, para a maioria, não é se eleger, e sim, projetar o nome para as eleições municipais de 2020.


Chiamulera na Secretaria de Obras

O governo de Lajeado está em tratativas com a empresa de Bebidas Chiamulera, para uma possível cessão de permuta do imóvel onde hoje está instalada a Secretaria de Obras. A proposta inicial é que o empresário, para construir fábrica nova no local, precisa arrumar e ceder uma área específica e adequada em outro bairro, de preferência, próximo a Conventos, Imigrante e Olarias para abrigar a secretaria. Segundo Mozart Lopes, a Chiamulera ocupa a 18ª posição no ranking de retorno fiscal.


Curiosidade cara

Em menos de 30 minutos, a Polícia Federal multou 23 motoristas ontem à tarde, na BR-386. Todos estacionaram no acostamento da rodovia para olhar as consequências do acidente que matou dois jovens na segunda-feira à noite. Curiosos, somados aos saqueadores da carga – ração – tumultuaram o local ao longo do dia.

Acompanhe
nossas
redes sociais