Raquel comemora a vida

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Raquel comemora a vida

Neste sábado, 8, Dia Mundial de Combate ao Câncer, a analista de RH serve de exemplo de persistência e luta contra a doença

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Raquel comemora a vida
Vale do Taquari

“Hoje não posso mais esperar algo acontecer para que eu seja feliz. Tenho que viver o agora. Amanhã eu não sei.” Raquel Schmidt, 39, assim como qualquer ser humano não tem noção da hora em que o fim da vida chegará.

Mas passa por um momento difícil, que lhe fez pensar acerca da importância da vida. Raquel é uma das 12,7 milhões de pessoas no mundo que no ano passado foram diagnosticadas com câncer. Descobriu um nódulo no seio esquerdo enquanto tomava banho. A suspeita de neoplasia surgiu de imediato.

Após uma ecografia e uma biópsia, em julho, a presença de um tumor maligno foi confirmada. Ainda em fase inicial, mas já perigosa.“Nunca pensamos que pode acontecer com nós. Foi algo bem impactante.”

Raquel precisou passar por oito sessões de quimioterapia. Já na primeira, perdeu o cabelo, e precisou explicar para a filha Natalia, de cinco anos, o que estava acontecendo.“Até agora não é fácil para ela. Sempre me promete fazermos mil coisas, quando eu voltar a ter cabelo.”

Por ter câncer de mama tipo HER 2, uma forma agressiva da doença, que atinge 20% das pacientes, Raquel também precisa fazer imunoterapia. Uma aplicação de medicamento na veia, a cada 21 dias, para evitar que o câncer se espalhe.

A última e mais violenta fase ocorreu faz apenas 20 dias. No dia 15 de março, Raquel passou por uma cirurgia para a retirada de toda a mama esquerda.“Com o cabelo fui lá, enfrentei, coloquei o lenço e até saio sem. Mas o seio foi complicado. Perdi uma parte do meu corpo, algo que mexe com a minha sensualidade.”

O procedimento também fez ela se afastar do trabalho. A analista de Recursos Humanos, agora passa por uma avaliação para verificar se necessitará de radioterapias. Mais uma batalha, que ela talvez deverá enfrentar. Nada que a faça tirar o sorriso, e a maquiagem, do rosto.

A família e amigos são imprescindíveis, mas nada é mais importante do que estar bem consigo mesmo.“Eu me considero uma pessoa muito positiva. Sempre fui auto astral. Tenho uma luta diária, então preciso disso para me motivar. Tem que ter vontade de viver.”

Do limão está fazendo uma limonada, como ela mesma diz. “Tiro muitas lições disso. Precisamos olhar mais para a gente. Vou esperar me aposentar para fazer alguma coisa? Não. A felicidade está nos pequenos momentos. Podemos ser felizes todos os dias.”

Hábitos saudáveis: antes e depois

O oncologista e responsável pelo serviço de quimioterapia do Hospital Bruno Born (HBB), Leandro Brust, considera que a auto-estima, como a de Raquel, é essencial para enfrentar o tratamento. “Pensamento positivo atrai coisas positivas”, considera o médico.

Assim como outras condições de vida saudável. Manter-se no peso ideal, praticar esportes, alimentar-se bem, cuidar da pele, não fumar e não beber em excesso, são aliados de quem enfrenta a doença.

Raquel considera que a alimentação regrada, e a prática de atividades físicas foram o que lhe renderam força, para ainda estar em pé. Controlar tais fatores é extremamente relevante para quem também quer diminuir os riscos de ter câncer, aponta o médico.

foto gráfico câncerLenha na fogueira

Ele acredita, com base em estudos, que não cuidar da saúde seja um fator extra para quem já tem tendência à doença, como em casos hereditários.

“A hereditariedade, que pode passar de um pai ou mãe para o filho, compreende entre 5 e 10% de todos as causas do câncer. Mas existe uma interação entre estes e os fatores de risco ambientais que ainda não é bem compreendida, e pode aumentar a ocorrência do câncer de forma significativa. Seria como ter um risco e colocar lenha na fogueira.”

O mesmo ocorreria em relação ao excesso de trabalho, estudo, ou seja, da falta de descanso. “O impacto em uma engrenagem vai repercutir sobre outra, seja na forma de câncer ou de alguma outra doença.”

Ensinamentos para viver

Os perigos da vida longa

Brust atribui o aumento dos casos de câncer também ao envelhecimento da população – Conforme a Organização Mundial da Saúde a estimativa é de que em 2020 surjam 15 milhões de novos casos de câncer no mundo.

“O nosso corpo não é diferente de um carro. Ele tem um prazo de validade. Além desse prazo existe um custo. Felizmente estamos começando a aprender a fazer economia ou administração biológica.”

Avanços no tratamento

Brust também se mostra animado quanto a evolução nos tratamentos. Há um expressivo ganho no tempo de vida das pessoas, mesmo com um câncer avançado. “Não falo com base no que leio e estudo, falo do que temos vivenciado efetivamente, no dia a dia, no nosso Centro de Pesquisa para Novos Tratamentos do Câncer, junto ao HBB.”

O médico afirma que o tempo de vida estimado para alguns tumores avançados tem saltado de seis a oito meses para mais de três anos. Hoje são realizadas desde cirurgia até radioterapia, quimioterapia e transplante de medula óssea. Alguns pacientes, necessitam, inclusive, da junção de vários tratamentos.

sugestão de infográficoCausas aleatórias

Um estudo do Centro do Câncer da Universidade Johns Hopkins, publicado na revista científica Science no mês passado, apontou que as causas do câncer podem ser aleatórias.

Fatores ambientais, como tabagismo, alcoolismo e obesidade, não foram descartados. Corresponderiam a 29% dos casos, a hereditariedade a 5%, e os outros 66% seriam fruto apenas do azar.

A pesquisa afirma que a maioria das mutações cancerosas são resultantes de erros comuns, do próprio organismo, no momento em que as células se dividem, e novas são criadas.

Foram analisados 32 tipos de câncer, amostras da população e dados epidemiológicos de 69 países. Porém, outros estudos, feitos antes, convergem para a direção contrária. Novos apontamentos acerca da pesquisa ainda não foram feitos de forma oficial.

 

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