Se os trâmites burocráticos avançarem conforme as previsões da reitoria, o Centro Universitário se transformará em universidade até setembro de 2017. O otimismo se deve às avaliações positivas por parte do Ministério da Educação (MEC) e pelo fato de a instituição respeitar os critérios técnicos exigidos. Entre esses, o número de professores com mestrado e doutorado.
Caso se concretize, a mudança de status ocorrerá 20 anos após a fusão da Felat e da Faceat, em registrada em 1997, fato que originou a Univates. “Foi quando tudo mudou”, lembra o reitor, Ney José Lazzari. Aquele foi o primeiro passo para, dois anos depois, receber o credenciamento como Centro Universitário.
Assim como na atual conjuntura, o reitor participou ativamente daquele momento histórico da Instituição de Ensino Superior (IES). O ano fora estabelecido como prazo limite para a integração entre as duas faculdades. Em outubro de 1996, findaria o mandato da professora Dalia Schneider à frente da primeira. No início de 1997, acabaria a gestão de Lazzari à frente da segunda.
Todos estavam convencidos da necessidade da fusão. O debate sobre o regimento interno da Univates foi debatido com a comunidade em reunião diversas. Muitas dessas com a participação de membros da Acil. “Talvez tenha sido o grande momento da virada da instituição. Mudou a legislação, o mercado, mudou a postura da Univates. E a visão que a região tinha da Univates.”
Até aquele momento, com quase três décadas de ensino, a média de alunos não passava de 1,5 mil. Quatro anos depois, já passava de quatro mil. Com a fusão, abriu-se novas possibilidades de cursos. Eram 8. Hoje, são 47 só na graduação, 17 técnicos, cinco mestrados e três doutorados. “Tudo foi possível porque havia uma base, uma história anterior muito sofrida”, lembra Lazzari, que assumiu como reitor em 1997.
Da mesma forma, agora a reitoria aposta na base construída nos últimos 20 anos para agilizar a transformação acadêmica junto ao MEC. Os técnicos visitaram a Univates em novembro do ano passado para avaliar o credenciamento da instituição como universidade. Mas o processo começou em dezembro de 2015, quando foi encaminhado o pedido ao governo federal.
Documentos como o regimento interno, o estatuto, o projeto pedagógico e o plano de desenvolvimento da Univates foram encaminhados ao MEC. Segundo o reitor, a instituição atende aos critérios exigidos, entre esses, um terço dos professores com mestrado ou doutorado; um terço dos professores atuando em tempo integral; e mais de 10 cursos avaliados positivamente pelo MEC.
MEC não estipula prazo
O processo de transformação acadêmica da Univates é avaliado pela Secretaria de Regulação e Supervisão da Educação Superior (Seres). Já passou por análise documental e avaliação in loco do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep).
Após a análise da Seres/MEC, o processo vai ao Conselho Nacional de Educação (CNE) do MEC. De acordo com a equipe técnica do conselho, “não há prazo para que o processo chegue ao CNE e seja avaliado, e não há prazo para que seja finalizado”.
48 anos de Ensino Superior
A instituição de ensino superior foi inaugurada, de fato, em 1969, com o primeiro curso (Letras) por meio de um convênio com a Universidade de Caxias do Sul (UCS). Anos antes, em 1964, foi criada a Associação Pró-Ensino Universitário do Alto Taquari (Apeuat), que até 1972 foi a mantenedora, e depois foi substituída pela Fundação Alto Taquari de Ensino Superior, a Fates.
Dois anos depois, foi criada a Faculdade de Educação e Letras do Alto Taquari (Felat). E em 1975, foi inaugurada a Faculdade de Ciências Econômicas e Administrativas do Alto Taquari (Faceat).
Duas décadas depois, já com a estruturação interna das atividades da Fates com vistas à pesquisa e à extensão, houve a fusão das duas faculdades e criação da Univates. A Fates seguiu como ente jurídico mantenedor até 2000, quando foi substituída pela Fundação Vale do Taquari de Educação e Desenvolvimento Social (Fuvates).
Eleva a qualidade exigida pelo MEC
A Hora – Quando o Centro Universitário se transformará em universidade?
Ney Lazzari – Temos 90% de chance de isso ocorrer nos próximos 6 a 8 meses. Tudo já foi comprovado no ano passado. Faltam detalhes burocráticos em Brasília, e o OK do Conselho Nacional de Educação (CNE). Depois vai para a mesa do ministro, e depois para o Diário Oficial.
O que muda efetivamente com a transformação acadêmica?
Lazzari – Status. Vivemos de títulos: damos e recebemos títulos. Será mais fácil buscar recursos para pesquisas. Será mais fácil emparceirar internacionalmente. E mais fácil segurar um doutor. E é claro, é mais caro que manter um Centro Universitário. Eleva a qualidade exigida pelo MEC. E são mais doutores, mais pesquisas.
Isso significa que a mensalidade pode aumentar acima do normal?
Lazzari – Vamos fazer de tudo para que isso não ocorra. A princípio, não aumenta acima da inflação. Vamos ter que ganhar em produtividade e acesso a mais recursos para pesquisas com empresas, com o governo e entidades. Por exemplo, em São Paulo a média de aluno em sala de aula fica entre 40 e 45, com turmas máximas na casa dos 80. Na Univates, a média era 32, e caiu para 27 diante da crise. E o máximo fica em 60.
A sustentabilidade passa então por mais alunos nas classes?
Lazzari – Só nisso dá para avançar um pouco. Com seriedade, sem perder a qualidade. Usar mais EAD. Temos excesso de turmas com menos de 15 alunos. E hoje, de 88 a 90% do orçamento de R$ 170 milhões vem das mensalidades. O restante é vendas de serviços como análises laboratoriais, consultorias e projetos de pesquisa com agências de fomento ou empresas.