Nunes critica estacionamento de farmácia e pede revisão da mobilidade

Santa Clara do Sul

Nunes critica estacionamento de farmácia e pede revisão da mobilidade

Salão da sociedade teve a energia elétrica desligada faz cerca de 15 dias, por falta de pagamento. Antigos sócios relembram os bons tempos, mas lamentam a atual situação

Nunes critica estacionamento de farmácia e pede revisão da mobilidade
Vale do Taquari

Em torno de 20 casais da cidade se mobilizam para reerguer a Sociedade Centro de Reservistas. Eles organizam uma chapa para concorrer às eleições da diretoria, ainda sem data marcada.

Criado faz 71 anos, o clube social estaria com dificuldades financeiras, e consequentes problemas estruturais. Dos cerca de 600 sócios na década de 1990, teriam restado apenas 60.

Nos últimos anos, várias áreas pertencentes à sociedade precisaram ser vendidas, e todos eventos próprios deixaram de ser realizados.

Neste verão, nem mesmo a temporada de piscinas foi aberta. Faz cerca de 15 dias que o salão da sociedade, na avenida 28 de Maio, está sem energia elétrica. O serviço foi interrompido por falta de pagamento.

Um estopim para que a comunidade despertasse para a necessidade de agir. “Se ninguém assumir, vai acabar fechando. E não é isso que queremos. Muitos estão se prontificando a nos ajudar”, conta o presidente da chapa, João Antônio Goergen, o “Toninho”.

Sócio-honorário do clube, ele foi presidente da sociedade por 12 anos – entre as décadas de 1980 e 1990, e lamenta a situação. Mas quer olhar para frente. “Não vamos nos atentar ao que já aconteceu. Vamos pensar no que pode ser feito.”

Heitor Arno Thomas atuou cerca de 30 anos na diretoria do clube

Heitor Arno Thomas atuou cerca de 30 anos na diretoria do clube

Assembleia

Até o momento, a chapa de Toninho não tem um plano pronto. A única certeza é de que precisam trazer os associados de volta, e mobilizar a comunidade. “As pessoas fazem o clube. Queremos debater as questões em conjunto, dar transparência. É o sócio que precisa decidir as coisas”, ressalta Ademar Kroth, vice-presidente.

Para formular o planejamento, os candidatos querem verificar a atual situação financeira da sociedade. Para isso, ainda neste mês, devem promover uma assembleia geral de associados.

O objetivo é que o atual presidente, Natalício da Rosa, preste contas de seu mandato, cumprido faz cerca de dois anos. Ele teria concordado em apresentar as informações.

“Sabemos que ele já pegou a sociedade com dívidas. Nossa intenção não é culpar ninguém.” A reportagem contatou com Rosa, mas ele não falou acerca do caso.

Energia elétrica

Nessa quinta-feira, Toninho e Kroth foram a Teutônia tentar uma negociação com a concessionária de energia. “Estamos tomando a frente, pois queremos resolver essa situação. Há vários eventos marcados.”

Alguns integram os festejos de 25 anos de emancipação de Santa Clara do Sul, que ocorrem entre 16 e 20 deste mês.

O Executivo já foi informado dos problemas. “Falamos com o prefeito o que planejamos, e se dispôs a colaborar. Precisamos muito da ajuda pública”, afirma Toninho.

Kroth (e) e Toninho (d) presidem a chapa que planeja fortalecer a entidade

Kroth (e) e Toninho (d) presidem a chapa que planeja fortalecer a entidade

“Sentimos muita saudades deste tempo”

Nascido e criado em Santa Clara do Sul, Heitor Arno Thomas, 68, acompanha o caso a uma certa distância. Sócio-honorário do clube, ele se afastou da diretoria faz 20 anos, quando deixou a presidência, em 1997.

Carrega um sentimento comum nos moradores da cidade, em relação ao clube: desânimo. “É triste ver esse resultado de más gestões, de más discussões, más fiscalizações.”

Lembra que na época em que participava tudo era muito diferente. “Era algo familiar, comunitário. Havia até uma certa pressão das pessoas. Eu mesmo me associei por conta dos meus pais.”

A primeira assinatura na lista de presença da diretoria foi em 18 de novembro de 1971, data que guarda até hoje. A organização era primordial. E o envolvimento, necessário. Antes de chegar à presidência, os membros da diretoria precisavam passar por todas as funções, ser desde porteiro e segurança das festas, até secretário e tesoureiro.

“Eramos pau para qualquer obra. Além de nós, toda a família participava”, conta.

Emancipação

Sucessor de Toninho, ele assistiu e participou do movimento de emancipação da cidade, em 1992. Todos os membros da majoritária do Executivo eram integrantes da diretoria da sociedade.

O terreno onde hoje está construído o ginásio da cidade foi doado pela entidade ao município.“A cidade nasceu dentro do clube. Ali debatíamos os assuntos que envolviam a comunidade.”

Nos sete anos em que foi presidente, contou com auxílio total dos demais sócios. Inclusive quando parte do salão foi queimada, em 1990.

Como no tufão de 1967, campanhas de doações e festas foram feitas para arrecadar fundos. De modo conjunto, tudo foi restabelecido. “As pessoas viam o clube indo para frente, e se motivavam. Assim foi crescendo.”

Thomas lembra com detalhes do Baile do Chopp, de Kerb, e de Carnaval, em que cerca de 12 mil pessoas chegavam a lotar o salão e a rua em frente à sociedade. “Era nossa marca. Sentimos muita saudades deste tempo. Acredito nesse pessoal. Com sacrifício, vão conseguir refazer nosso clube.”

A história do Centro de Reservistas

1946- Fundado em 21 de janeiro de 1946, o Centro de Reservistas antes era a sede do Tiro de Guerra 239. A base do serviço militar havia funcionado entre 1918 e 1945 no local, e foi extinta após o fim da Segunda Guerra Mundial. Seus bens deveriam ser repassados à comunidade.

Em Santa Clara do Sul, uma votação precisou ser feita para definir como o espaço seria ocupado. Por um voto, a ideia de criar um clube social na cidade superou o repasse da estrutura à igreja.

Tufão de 1-9-1967 destruiu a sede do Clube de Reservistas1967 – Na época do Tiro de Guerra, o salão era de madeira. Quando assumido pela sociedade, foi refeito, de alvenaria, para ficar mais forte. Porém, não foi o suficiente para deixar a estrutura de pé, quando um tufão atingiu a região. Por meio de bailes e eventos, e auxílio dos associados, o prédio pôde ser refeito, e resiste até hoje.

 

 

 

1977 – Após comprar uma área de terras no centro, a entidade precisava de dinheiro para quitar o investimento. Então surgiu a ideia de realizar o baile de Carnaval. O primeiro evento reuniu cerca de 500 pessoas. Rendeu lucros e as terras foram pagas em pouco mais de um ano.

1985 – Em 1985, depois da consolidação do baile, o espaço do salão tornou-se insuficiente. E, por volta de 1985, foi iniciado o Carnaval de rua, com carros de som, venda de bebidas e alimentos. No auge do evento, a multidão chegava a 12 mil pessoas.

Fim da década de 90 – O baile de Carnaval deixou de ser feito pela sociedade, e passou a ser realizado por promotores de eventos. Na época, também foi desfeito o convênio entre o Centro de Reservistas e outras sociedades, como São Bento e São Rafael, para que não realizassem eventos paralelamente.

2007 – A pedido da própria comunidade, o Carnaval de rua parou de ser realizado. Vandalismo e brigas estariam estragando a imagem da cidade. Desde então, é proibido estacionar e colocar som automotivo ao longo da avenida 28 de Maio, assim como vendedores ambulantes.

2008 a 2012 – Moradores próximos ao clube procuraram o Ministério Público (MP) para reclamar do som alto durante as festas. Foi assinado um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC) determinando respeito ao horário de sossego.

Nova reclamação ao Judiciário ocorreu em 2011. O desrespeito ao acordo rendeu ao clube a proibição de realizar as festas entre janeiro e novembro de 2012. Adaptações acústicas e diversas reformas custaram R$ 100 mil ao clube.

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