Frei cumpre missão na Terra Santa

Lajeado

Frei cumpre missão na Terra Santa

Jorge Egídio Hartmann é natural de Candido Godói e atua na Paróquia São Cristóvão

Frei cumpre missão na Terra Santa
Lajeado

Comissário da Terra Santa. Esse é o título dado faz quase 600 anos a integrantes da Ordem dos Franciscanos, responsáveis por manter, divulgar e promover o cristianismo nos lugares santos. Hoje, apenas 70 pessoas escolhidas pela Igreja Católica desempenham esse papel.

Uma delas é o frei Jorge Egídio Hartmann, 62, que, após dois anos em Porto Alegre, voltou a atuar na Paróquia São Cristóvão. Na igreja, realizará desde batizados a casamentos, mas não deixará de cumprir sua missão na Terra Santa.

Faz oito anos que guia grupos brasileiros em passeios à Palestina, Israel, Jordânia e Egito. A ideia é que as pessoas conheçam de perto a história do cristianismo. O berço da visita é Jerusalém, onde Jesus teria morrido e ressuscitado, e dado início à religião cristã.

“Temos a nossa raiz ali, porque sem ressurreição a nossa fé seria uma história da Carochinha. Lá, há inúmeros pontos a conhecer e desvendar.”

Dentre esses, o Muro das Lamentações, a Basílica do Santo Sepulcro, o Mar Morto, Mar da Galileia, Monte das Oliveiras e Rio Jordão. “É um local que não tem grandes monumentos, mas uma realidade única”, afirma o comissário.

Jorge Egídio Hartmann leva fiéis à Palestina, Israel, Jordânia e Egito

Jorge Egídio Hartmann leva fiéis à Palestina, Israel, Jordânia e Egito

Realidade

Os turistas enxergam com os próprios olhos coisas antes somente lidas na bíblia. Têm a oportunidade de entrar em contato com o passado por meio das descobertas arqueológicas, que continuam ocorrendo.

“Você mergulha numa realidade milenar. Faz pouco tempo que foi encontrada a casa onde Jesus passou algumas noites. Aí você pensa, nossa ele esteve aqui. É tocante.”

Hartmann acredita que esse contato direto propicia o amadurecimento das pessoas em relação à religião. “A fé é uma coisa de coração, você é livre para aceita-lá. Mas quando você vai num lugar assim, onde essas coisas aconteceram, onde nasceu o cristianismo, se torna uma pessoa mais crítica e sensível, e afasta essa coisa de magia, ilusão.”

Nestes oito anos, ele afirma que nunca viu alguém voltar do mesmo jeito que viajou. “Retornam diferentes, melhores. Podem não acreditar, mas são mexidos por aquele sentimento.”

Conflitos

Além dos cristãos, judeus e islâmicos também consideram a Terra Santa solo sagrado. “Adoramos o mesmo Deus e por isso temos aquele lugar como referência.” Israelenses e palestinos lutam pela Faixa de Gaza e Cisjordânia, situação que amedronta muitos turistas.

Ainda mais porque desde 2002 o governo de Israel constrói 700 quilômetros do chamado Muro da Cisjordânia, que também passa e divide Jerusalém, entre os lados oriental e ocidental, palestino e israelense.

“É a primeira coisa que as pessoas veem quando chegam. Querem saber o motivo da separação.” O comissário conta que muitos deixam de conhecer o lugar por conta da guerra. “No entanto, lá a segurança é muito melhor que no Brasil. As pessoas ficam boquiabertas.”

Ele afirma que nunca presenciou conflitos durante as viagens. Entende que a guerra é algo restrito a palestinos e israelenses. Turistas nunca são o alvo, afirma.

“A briga não é com quem vem de fora, mas entre eles. Não por religião, mas território. Quando você explica, e as pessoas conseguem visualizar esse distanciamento, compreendem melhor o que se passou e passa por lá.”

Um dos lugares visitados pelo frei e peregrinos é o Mar da Galileia

Um dos lugares visitados pelo frei e peregrinos é o Mar da Galileia

Experiência para a vida

Para o comissário, as mais de 50 viagens à Terra Santa só lhe garantiram ganho de conhecimento. Hoje, pode assistir as descobertas arqueológicas, e sentir, cada vez mais, que os ensinamentos da religião são verdadeiros. A cada cinco anos, precisa fazer um curso em Israel para se atualizar, e ganhar autorização do governo para trabalhar, com carteira assinada, como comissário da Terra Santa.

A próxima viagem ocorre no dia 23 de abril e não tem data de retorno estipulada. Para o comissário, servirá como nova fonte de aprendizado.

No retorno, tudo é dissipado entre os fiéis.“Tenho alegria em partilhar, além das questões espirituais, aquelas culturais, da mistura de religiões. Trago a eles tudo que posso.”

Pelo interior, senhoras auxiliam a distribuir materiais, como a revista Terra Santa, coordenada pelo frei. “A maioria não pode viajar, mas quer saber dessa realidade que fascina.”

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