Filipe Catto está entre os novos  artistas da MPB

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Filipe Catto está entre os novos artistas da MPB

Natural de Lajeado, artista imprime seu tom de voz singular à música popular

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Filipe Catto está entre os novos  artistas da MPB
Vale do Taquari
Gustavo Adolfo 1 - Lateral vertical - Final vertical

Antes de morrer, o ícone Cauby Peixoto escreveu: “Admiro muito o artista Filipe Catto pela afinação e seu trabalho.” O músico, natural de Lajeado, é autor de composições repletas de sentimentos inconfessáveis que ganham força no atual cenário da MPB.

Criado em Porto Alegre e filho de pai artista, ouviu muito rock e MPB em casa. “A influência dessas vertentes é seminal, é de onde veio tudo o que aprendi. A junção desse dois mundos sempre foi o que me interessou”, conta.

Catto é apontado como um dos nomes mais promissores da nova geração. Já dividiu o palco com artistas como Zélia Duncan, Maria Gadú e Simone Mazzer. Também foi escolhido para rodar o Brasil em turnê de homenagem a Cássia Eller. Seu disco mais recente, Tomada (2015), destaca canções como Depois de Amanhã e Dias e Noites. “Seu epicentro é uma vontade de liberdade, de se expandir. Me colocar em novos lugares, conhecer outras palavras e sons.”

Tanto nos palcos quanto nas composições, estabelece parcerias viscerais. “Fico muito feliz de contar com Moska, Zélia, Pedro Luís, Marina, ídolos que formaram minha vida, da noção do que é música”, menciona. “Ter eles como parceiros é especial, porque é um sonho realizado.”

Para Catto, o maior patrimônio da música é misturar-se. “Gosto também de estar perto de quem está crescendo comigo.” O artista se refere aos amigos Bárbara Eugênia, Pélico, Alice Cayme, Kassin, Domênico e Pedrinho Sá. “São pessoas por quem tenho muita admiração.”

filipe catto elogioFluido e singular

A performance e o timbre de voz já foram comparados com Ney Matogrosso. “Acho que é muito natural, mas não concordo. É uma comparação muito externa. Acho o Ney muito singular. Portanto, ele é completamente incomparável.” Apesar de achar boba, fica feliz. “Ele é querido pelo país todo e isso indica que o público também gosta de mim.”

Assim como o ídolo, Catto não tem medo de expor com naturalidade sua homossexualidade. “Tenho muito orgulho de ser quem eu sou, isso é o meu maior bem, é a coisa mais importante da minha vida.” Sua expressão está presente em cada nota musical. “Eu sou o que eu sou em absolutamente todos os espaços, com todas as pessoas. Isso não me preocupa, não me importa porque, sinceramente, a maneira como os outros me veem não me interessa. Eu só posso ser o que eu sou e sou muito grato e feliz por isso.”

Para ele, o amor é inspirador. “Sou completamente devoto, de estar dentro desse astral. E não adianta, toda as minhas músicas, de alguma forma, falam disso. Isso é um motor inesgotável de assunto para se fazer música.”

17/10/206. São Paulo, SP. Retrato de Filipe Catto para o projeto Três por Quatro. Foto: Carolina Vianna. (Todos os direitos reservados / reprodução proibida sem autorização do autor)Você – De que forma a cena musical de Porto Alegre inspirou sua carreira?

Filipe Catto – Inspirou na medida que eu fazia parte daquilo. Quando eu era criança e adolescente, a gente ouvia muita música regional, principalmente das bandas gaúchas que faziam muito sucesso. Em Porto Alegre se ouvia muito Nenhum de Nós, Engenheiros. Fora que rolava uma cena independente muito forte na cidade da qual eu fiz parte depois. Isso, com certeza, me influenciou.

Você – O que os fãs podem esperar dos próximos trabalhos e parcerias?

Catto – Sou uma pessoa que gosta de evoluir na música, gosto de sempre me alimentar de coisas diferentes e as parcerias servem muito para isso. Sempre me junto a pessoas que possam me trazer outras perspectivas. Posso dizer que as próximas parcerias virão do coração, de amizade e de luz.

Você – O disco Tomada sintetiza sua obra?

Catto – Tomada é um disco que eu refinei muito meu repertório. É um álbum que me proporcionou um show que eu estou gostando muito de fazer. Me trouxe uma sensação de aterramento. Me colocou num lugar mais da terra mesmo, eu sinto as coisas de uma forma muito mais terrenas hoje do que antes. Ele uniu todos os pontos que eu queria colocar em um trabalho.

Você – Quais as lembranças que tem de Lajeado?

Catto – Eu não tenho muita lembrança porque eu não cheguei a morar aí. Sempre morei em Porto Alegre. Recentemente fui aí e foi supergostoso, foi bem bonito e fiquei muito emocionado.

Eu acho uma cidade linda, cheia de montanhas, de natureza, tão amplo. Quando eu chego aí, fico me sentindo muito expandido mesmo. É de onde a gente veio, né. É uma sensação de que existe uma terra que me contém, que me pertence e me representa. É muito gratificante. Acho um lugar lindo de morrer.

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