Sindicato debate privatização do Banrisul

Vale do Taquari

Sindicato debate privatização do Banrisul

Venda do banco é uma das exigências da União para renegociar dívida do Estado

Sindicato debate privatização do Banrisul
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A empresa estatal mais rentável do RS pode estar com os dias contados. Responsável por um lucro líquido de R$ 389,6 milhões no primeiro semestre do ano passado, o Banrisul está na lista de ativos cuja privatização é exigida pela União como contrapartida para o socorro financeiro ao Estado.

O anúncio da exigência ocorreu após reunião entre o governador José Ivo Sartori e o Ministro da Fazenda, Henrique Meirelles. O ministro afirmou em entrevista para o jornal Valor Econômico que a venda do banco está incluída na mesa de negociações da dívida do RS com a União.

A hipótese causou reação. Sindicalistas e parlamentares iniciaram movimento para tentar impedir a liquidação de um dos maiores patrimônios do Estado. Nessa quinta-feira, o Sindicato Bancários de Lajeado e Região (Sindibancários) promove debate sobre o tema.

O encontro ocorre a partir das 18h na sede do Sindibancários e terá a presença do diretor da Federação dos trabalhadores do setor (Fetrafi-RS), Luiz Carlos Barbosa. De acordo com a secretaria geral do sindicato, Shyrlei Barbieri, o painel é aberto para todos os bancários da região.

“Após, faremos uma reunião com os servidores do Banrisul para falar sobre as consequências da medida e definir uma estratégia para impedir a venda”, aponta. Segundo ela, a intenção é criar uma campanha para conscientizar a população sobre os prejuízos resultantes de uma privatização.

Entre as principais consequências estariam a demissão de servidores e o fechamento de agências e pontos de atendimento. Shyrlei lembra que 42,8% das ações da estatal foram vendidas em operação promovida pela ex-governadora Yeda Crussius, em 2007.

“Se a intenção da venda é quitar as dívidas do Estado, não será suficiente. Continuaremos pagando a dívida e perderemos o patrimônio”, alerta. O valor de mercado do banco é estimado em mais de R$ 7 bilhões, mas o preço da venda dependeria das instituições interessadas.

Hoje, uma eventual privatização do banco precisa da aprovação de mais da metade dos eleitores em um plebiscito, mas uma proposta do governo do Estado tenta derrubar a exigência. Mesmo assim, a venda ainda precisaria ser aprovada na Assembleia Legislativa (AL).

Categoria mobilizada

A Fetrafi-RS realizou uma plenária em Porto Alegre para definir estratégias diante dos rumores sobre a privatização. Entre as decisões está a criação de uma frente parlamentar na AL para impedir o avanço de projetos sobre a estatal no parlamento e a realização de uma assembleia de servidores.

A partir de hoje o sindicato instalará uma barraca na Praça da Matriz, localizada entre o Palácio Piratini e a Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. Na data também começam as visitas dos sindicalistas ao gabinete dos deputados. A intenção é pressionar para que não aprovem projeto para desobrigar a realização de plebiscito para privatizações.

Diretora da Federação, Denise Corrêa afirma que a estatal é fundamental para o desenvolvimento e a economia gaúcha. Segundo ela, o banco mantém 698 pontos de atendimento, abrange 98,5% da população gaúcha e é responsável por movimentar 98,9% do PIB.

“Em caso de privatização, é óbvio que haverá fechamento de agências e postos”, alega. Conforme Denise, enquanto a maior parte do lucro do Banrisul são revertidos em benefícios para o Estado, as instituições privadas não teriam essa responsabilidade e trabalhariam apenas para alcançar maior lucratividade.

Para Sindibancários, medida pode significar o fechamento de agências e a demissão dos mais de 11 mil servidores

Para Sindibancários, medida pode significar o fechamento de agências e a demissão dos mais de 11 mil servidores

Governo nega

Apesar dos rumores e da pressão do governo Federal, o secretário da Fazenda do RS, Giovani Feltes, assegura que a privatização não está em pauta no Piratini. Segundo Feltes, a medida sequer foi cogitada.

Como contrapartida para as renegociações, Feltes aposta na privatização de outras três companhias, cujos projetos tramitam na AL. São elas a CEEE (Energia Elétrica), CRM (Mineração) e Sulgás (Gás Natural). Na reunião com Meirelles, Feltes ainda mencionou a possibilidade de vender o Banco Regional de Desenvolvimento do Extremo Sul (BRDE), a Companhia de Silos e Armazéns (Cesa) e o Badesul.

A intenção do Piratini com o acordo é suspender por 36 meses os pagamentos mensais da dívida com a União e antecipar o recebimento de recursos. Em troca, o Estado se comprometeria em manter a política de ajuste fiscal e redução da máquina pública.

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