A casa de Claudete Teresinha Rodrigues foi demolida nos últimos dias. O local fica às margens de um rio. A cada cheia ela e os filhos precisavam deixar o espaço e ficar alojados em um ginásio. Ela deixou o local dia 19 de janeiro para ocupar uma das 250 casas do Nova Morada.
No mesmo dia que deixou a residência a prefeitura demoliu a estrutura. Ao lado dos entulhos, existem outras três casas. Uma delas também tem previsão de ser removida. O proprietário também foi contemplado pelo programa. Apenas a do meio, onde vive um senhor, permanecerá. O homem não foi contemplado pelo projeto.
De acordo com o Secretário de Desenvolvimento Social, Trabalho e Habitação, Itamar José Alves, 14 serão demolidas. Elas fazem parte de área de risco ou de preservação permanente. Todas pertencem a famílias contempladas no Nova Morada. Aquelas não beneficiadas permanecem nos locais. O município não tinha estimativa de quantas continuam em pontos alagáveis.
Segundo ele, todos precisam assinar um termo consentindo com a demolição para receber as chaves da nova residência. Após a saída a estrutura é colocada ao chão.
Com a demolição a prefeitura espera reduzir o problema das moradias em áreas alagáveis. Conforme o secretário, a medida foi adotada para impedir que novas famílias passem a ocupar os locais. “Se deixarmos esses espaços vazios, outras pessoas irão morar, sem autorização do município. Por isso, estamos eliminando tudo para reduzir o problema.”
Retirada
Os contemplados têm a opção de remover os materiais e destinar para terceiros. “Deixamos a critério de cada um escolher o que prefere. Muitas pessoas querem doar as madeiras e aberturas para familiares ou conhecidos”, explica a coordenadora do projeto habitacional, Tatiana de Oliveira.
A pasta monitora a mudança das pessoas e confere se a remoção ocorreu. “Temos o caso de um senhor que não abriu mão da casa no Nova Morada, mas está resistindo em deixar a antiga residência.”
Conforme ela, o aposentado mora na beira do rio, pratica pesca e resiste em deixar a atividade. Nesse caso, se ele não decidir se faz mudança a secretaria vai notificar a Caixa Econômica Federal para verificar qual ação adotar.

Casa de Claudete começou a ser desmanchada. Na residência ao lado, município programa demolição nos próximos dias
Suplentes do Nova Morada
Pelo menos 20 pessoas abriram mão de ocupar as residências no Nova Morada. A maioria optou por permanecer nas antigas. Os motivos são diversos. Conforme Tatiana, algumas não querem abrir mão do patrimônio construído com muito esforço. Alguns casos fazem parte das áreas de risco.
Certas pessoas argumentam que o loteamento é longe e, por não terem veículo próprio, preferem continuar na antiga residência. Outras apontam que os filhos estão acostumados com a escola e preferem não fazer a mudança. “Há um caso que o contemplado está desempregado e não possui condições de pagar as prestações.”
Em todos os casos, os contemplados assinaram termo de desistência. Suplentes devem ser chamados em breve.
“O bairro é maravilhoso”
Faz pouco mais de 15 dias que Claudete Terezinha Rodrigues reside no Nova Morada. Segundo ela, a residência é maravilhosa. “O bairro é muito bom. A casa é lindíssima. Não me incomodo aqui.”
Porém, alguns problemas aparecem. “No segundo dia deu problema na caixa de descarga no banheiro.” Conforme ela, o problema tem sido frequente com outros moradores. Rachaduras em lajotas também aparecem em alguns locais.
Claudete reclama do serviço de manutenção prestado pela empresa responsável pela obra. “Quando pedi para verem o problema no meu banheiro, foram estúpidos comigo. Disseram que eu mesma poderia resolver isso.” A empresa responsável pela obra circula pelo bairro até quinta-feira para fazer trabalhos de manutenção. Depois, o serviço continua mas sem a presença diária dos funcionários pelo bairro.